DIA NACIONAL DE COMBATE AO FUMO

29 de agosto

Prof. Antônio de Oliveira

aoliveira@caed.inf.br

No dia 29 de agosto, vale conferir virtude e vício. À semelhança da virtude, o vício também é um hábito. Só que, ao contrário da virtude, caracteriza uma disposição estável para a prática de algum “mal”. Assim, por exemplo, fumar é um vício, caracterizado pelo hábito de fumar, considerado prejudicial à saúde, haja vista um Dia de Combate ao Fumo, em 29 de agosto.

Virtude é como a arte, fascina. O vício chafurda, atola. E é contagiante. Segundo José de Alencar (Lucíola, cáp. V): “O vício também tem sua beleza e sua atração, como a virtude; a diferença é que no âmago do fruto os lábios encontram terra e cinza em vez de polpa deliciosa”. Antigamente se dizia: é amargo o fruto do pecado. Ambos, virtude e vício, são em parte inatos e adquiridos. Inatos, enquanto encontram em nós uma predisposição, quiçá genética ou hereditária, seja para a prática do bem seja para a prática do mal. Adquiridos, uma vez que se desenvolvem, a virtude, em decorrência de muito esforço; o vício, que também cria raízes profundas e até dependência física, por concessões nossas e influências externas ou do ambiente. O costume, o hábito, já diziam os latinos, é uma segunda natureza. E diziam mais: é difícil – e como! – abandonar um hábito ou um vício. Mal nascente com facilidade se reprime; inveterado, robustece-se. É de Sêneca: Dificilmente desaparecerão os vícios que cresceram conosco. É de Ovídio: Opõe-te no princípio; chega tarde o remédio, quando o mal se fortaleceu com a longa demora. Essas referências e citações mostram como o problema é antigo, vem desde a Antiguidade, desde que o ser humano existe, desde que o homem é homem.

Uma vez instalado e disseminado o vício, numa espécie de epidemia, ou até de pandemia globalizada, como é o uso das drogas, há quem tente combatê-lo. Assim, por exemplo, com relação ao cigarro, há hoje em dia inúmeras campanhas antitabagistas, de caráter curativo e paliativo, pois, sem dúvida, é sempre melhor nem contrair vícios. Prevenir ainda é o melhor remédio.

Mas o que interessa aqui não é tanto a natureza do vício e, sim, a pedagogia no combate ao vício, ou, de modo geral, ao erro, quer seja sob conotação ética (“serial killer”, pistoleiro profissional, capangas, corruptores e corruptos) quer seja como dependência física. Trata-se de apelar, coerente e persuasivamente, para a capacidade de lidar com sentimentos de ira, ansiedade, depressão, como o fazem, há décadas, os Alcoólicos Anônimos e outros grupos de recuperação. De modo geral, parece que a pedagogia não tem inspirado renovações metodológicas tão significativas de combate ao vício. Na verdade, não é fácil lidar com o nosso livre-arbítrio. Segundo Zenão de Citium (340-263 a.C.): “omnia peccata paria”, em outras palavras, entre os vícios não haveria gradação. Em suma, vício é vício: fumar, beber, usar drogas, etc. Algumas religiões são ciosas dessas abstinências. De qualquer modo, melhor é sentir os efeitos positivos e saudáveis da virtude. Assim como já se falou em odor, cheiro de santidade, hoje se fala em qualidade de vida. É isso aí.

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 29/08/2010
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