SEXO-POESIA não é sacanagem

Sem essa de poesia-utopia.

Poesia é sexo. Sexo na sua mais delirante paixão.

Não estou falando de sexo platônico. Sexo platônico não existe.

Estou falando de sexo carnal. Aquele sublime momento da verdade, quando, o olho no olho, o isso no aquilo é tão real que não delirar é inconcebível é impossível.

Os tímidos e comportados dizem que é momento de surreal. Os mais santos de transcendental. Os pecadores de angelical.

Mais nada disso importa.

O que importa é que: se o poeta não sente tesão e não cultua a ereção na ponta da língua, não logrará possuir o leitor e proporcionar-lhe o tão desejado orgasmo dos sentidos.

Por outro lado se o leitor não se entrega ao prazer de ser possuído como uma flor que vai desabrochando verso a verso, rima a rima; não colherá da salada de letras que macula o papel, o deleite da dádiva do clímax.

SEXO-POESIA não é sacanagem.

Sexo é fazer pipi na cama.

Poesia é o gozo da imaginação.

Não se pode esquecer que muito além da incestuosa fidelidade que marca a relação poeta/leitor; rola entre ambos uma química tão intensa que podemos destacá-la como sendo a função embrionária da vertente causal da ação e reação.

Se o poeta desempenha o papel do agente ativo. Ou seja, aquele que estoca, que penetra as entranhas do parceiro. Por seu turno o leitor, com a passividade e motivação natural da sua busca visual, se deixa seduzir e se de deixa possuir pela mais íntima fagulha da imaginação alheia.

Seria desdenhoso dizer que o leitor se comporta como uma Madalena. Todavia, se for uma Madalena, não será uma Madalena arrependida. Pois se aquela era só lamento, esta outra, senhora do seu destino, peca e se deixa pecar na certeza que na poesia encontrará salvação.

Nada mais profano diria nosso mais erótico poeta recantista Vincent Benedicto, que, na oralidade do febril e frutuoso poema “Jamás olvidarás”, leciona todos os segredos do sexo-poesia.

Cá do meu canto justifico: Se o leitor paga para atingir a volúpia do orgasmo múltiplo;

o poeta, no delírio do seu fazer poesia, se esmera para proporcionar e prolongar o orgasmo mútuo.

Antonio Virgilio Andrade
Enviado por Antonio Virgilio Andrade em 22/09/2006
Código do texto: T246769