Telefone público ou ofensa pública
Nos tempos em que os telefones públicos funcionavam – sim, já houve um tempo assim, mas estou virando saudosista! – tentei utilizar um orelhão com defeito. Fui até outro e liguei para a concessionária; a telefonista, com mais boa vontade do que gari em final de sexta-feira, disse que a pessoa responsável não estava e que não poderia resolver o problema. Argumentei que estava apenas comunicando e não pedindo solução para mim, sugerindo que ela passasse o recado para o responsável assim que ele viesse. Inteligentemente, a moça repetiu as mesmas palavras de antes. Para provocar, repeti minha explicação; ela repetiu a dela. Ficou por isso mesmo.
Leio que um rapaz foi preso por tentar quebrar um orelhão, sob a argumentação de que não funcionava. No carro da polícia, aproveitou para amassar a lataria do mesmo a pontapés. Ferrou-se.
Ao andar na rua, um homem vê outro fazendo xixi no fone de um telefone público. Aproxima-se e chama a atenção do vândalo. Tranquilamente, ele saca um revólver e pergunta qual o problema.
Quem tem, tem medo: “Nada, não”, e foi embora com o rabo no meio das pernas. Isso foi o que contou, na verdade, deve ter dito: “Nada, não, só vim conferir se está tudo bem molhado, e vejo que está, sim, continue”.
O rapaz detido o foi por depredar patrimonio público. Pois é, não estou com paciência para pesquisar se orelhões o são ou não, mas tenho certeza de que fazem parte de um imenso pacote de negociações na área de telefonia e, como estão na rua, deve haver alguma autorização oficial, certo? Autorização para quê? Para oferecer um serviço necessário à população. Se é assim, por que cargas d’água a maioria só ocupa espaço e não funciona? Fiz um teste: em um trecho de uns 3 km, parei em todos orelhões; após tentar em onze, o décimo segundo funcionou, ainda assim, com um ruído ensurdecedor. Exceção uma ova: esse é o cenário geral.
O que é feito? O que foi feito? O que pode ser feito? Ou tem que deixar assim porque os interesses que não ousam dizer seu nome são mais fortes? Depredar a paciência do cidadão pode. Impunemente, pelo que se vê.
Voltem, por favor, voltem, bons tempos em que se ligava para dar um recado e se era mal atendido.