Longevidade com Memória: Presente de Deus

Num dos meus passeios lá para as bandas do meu sertão, passo em frente de uma casa onde uma senhora de 101 anos estava em sua cadeira de balanço. Pela distância, achei que ela não me reconheceria e resolvi seguir adiante, sem cumprimentá-la, pois isto demandaria tempo, em razão da prolongada conversa que ela ensejaria. Pensei comigo: “deixo a visita para depois”. Tal foi a minha surpresa, quando dela ouvi: “Ei... Ficou rico? Não fala mais com os pobres?”

Voltei e fui cumprimentá-la de perto, com aquele tradicional abraço afetuoso do sertanejo. E haja interrogatório!

Perguntou tim tim por tim tim sobre a minha vida, fazendo também referência a algumas passagens de quando eu ali também morava.

Felizmente esse tal de “Dr. Alzheimer” nunca acertou aquele endereço. Aquela senhora era uma mulher muito alegre, que divertia a todos que com ela conversavam, revelando sempre o seu bom humor. E gostava de dizer: “É... quem passa dos cem tem muita história pra contar. Vocês têm mais é que escutar as minhas lorotas”.

E que lorotas boas!

Hoje eu não passaria escondidinho para ela não me ver. Eu é que iria direto para abraçá-la e escutar a suas histórias. A sua memória era sim, um presente de Deus.