Rosa Fogosa (BVIW)

Era uma rosa errante trazida pelos caprichos do vento ou da Lua. O sorriso era puro. Os caracóis fartos e as flores que a enfeitavam eram de croché. Rose ficara orfã e servia como criada numa família conservadora, tradicional e respeitável. Foi acolhida por mesericórdia. Aquele sentimento que se aprende na Igreja. Mas depressa se notou que contrastando com a inocência do olhar havia uma fogueira ardendo no ventre e que ninguém a saberia apagar. E muitos o tentaram, sucumbindo a um sentimento que lhes era interdito. O fogo da rosa era irresistível.
O chefe patriarcal quis cortar o mal pela raiz. Via o demónio dentro do útero demasiado saudável. Mas a esposa mostrou ser a mais admirável mulher. Confortou, perdoou, compreendeu as falhas do marido caído em tentação. Acima de tudo respeitou, protegeu, aceitou a força da natureza que era Rose. Impediu que o patriarca sério seguisse em frente com a ideia da castração de Rose. Foi a mãe que ela nunca tinha tido. Foi a mãe que raras mulheres podem dizer que tiveram.
O filme chama-se “Rambling Rose” e foi realizado por Martha Coolidge em 1991. A protagonista é Laura Dern. A senhora Hillyer é Diane Ladd. Mãe e filha na vida real. O único caso em que mãe e filha foram nomeadas para um Oscar pela academia. Não ganharam. Na minha opinião esse foi o verdadeiro pecado.




AnaMarques
Enviado por AnaMarques em 01/09/2010
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