Jornal do Brasil em versão digital

O que diremos sobre isso no futuro?

Desde a semana passada acompanhei mais de perto os últimos dias da versão impressa do Jornal do Brasil. Não exatamente lendo todas as ediçõs, mas prestando a atenção ao que disseram e ainda dizem jornalistas, articulistas, acadêmicos e opinadores de todo tipo. Todos, sem exceção, desfiam seus rosários de lamentações não só pela mudança radical do papel para o digital, mas talvez principalmente pelas justificativas divulgadas pela direção do jornal.

Tenho minhas concordâncias, mas também penso que é preciso equilibrar a opinião e até mesmo ter um pouco de paciência para esperar o que dirá o futuro. Afinal, foi o próprio JB que na década de 50 revirou os padrões da época ao criar uma publicação totalmente fora do que ditavam as regras. Uma modernização promovida com uma ousadia que, segundo especialistas, jamais foi vista novamente em nenhuma outra publicação no país. Comandado pela Condessa Pereira Carneiro, o JB passou por mudanças radicais em todos os aspectos.

Também foi o JB o primeiro jornal brasileiro a criar uma versão on line, na segunda metade da década de 90, quando ninguém ainda sonhava com o que se vê na internet atualmente. Contam os coleguinhas que trabalhavam na redação do JB que o computador no qual eram feitas as atualizações era um PC 386 que ficava no corredor. Pouca gente soube disso, mas a bravura de se colocar um jornal na web limitava-se a um equipamento velho e surrado, sem sala e sem equipe de produção.

Hoje, 1 de setembro, o Jornal do Brasil inaugura mais uma fase, mais uma ousada modernização, digamos assim. Eliminou a versão impressa e assumiu de vez a digital, arquivando seu histórico em papel e deixando lacrimosos muitos amigos saudosistas. Não dá para não ficar triste, compreendo, até porque as justificativas da direção do jornal não são lá muito convincentes. Mas não se pode negar que mais uma vez, por vias justas ou não, o JB dá um super passo, apostando todas as suas fichas na tecnologia. Não podemos negar que há certa coragem nessa decisão.

Meus colegas de profissão hão de me recriminar por isso, mas como disse, é preciso equilibrar a opinião e pensar se não estamos irremediavelmente presos ao passado, a uma história. É quase um vício dizer sempre que “antigamente era melhor”. Muito se discute sobre a adoção de mídias digitais em lugar de papel, em substituição a livros, jornais, revistas. Ainda estamos longe de termos uma resposta definitiva para isso; só o tempo é capaz de nos dizer. Porém não podemos simplesmente fechar os olhos a essa possibilidade tão iminente. Tivemos a mesma sensação quando os LPs foram substituídos pelos CDs. E hoje ouvimos música em qualquer suporte digital! Quem poderá prever se daqui a uns poucos anos contaremos a nossos netos que aquele jornal antiogo, o JB, foi o primeiro a ousar e adotar uma versão unicamente digital? A resposta, só o tempo nos dará.

Giovana Damaceno
Enviado por Giovana Damaceno em 01/09/2010
Código do texto: T2472191
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