Bolinhos de saudade.

Dia cinzento as águas da chuva escorrem pelas calhas. De repente bate uma tristeza e me enrola nos braços da melancolia. Coloco a farinha na tigela e os ingredientes para fazer bolinhos, de chuva é claro, mas este serão bolinhos de saudades.

Saudades da casa cheia, dos gritinhos, das risadas daquele corre e corre agitação e alegria que contagiava meus dias. Saudade dos filhotes que agora crescidos lançam seus vôos independentes. O ninho esta agora vazio! Voltam só para conferir as raízes de quando em quando e lá se vão novamente rumo a seus caminhos construindo seus futuros. Comigo ficaram saudades, lembranças e a rotina cansativa do dia a dia, dos sons barulhentos do silêncio em noites insones. Noites na companhia do notbook onde me permito perdida no tempo dedilhando meus dedos sobre o teclado, alçar altos vôos totalmente entregue nas asas da inspiração.

Viajo entre mundos de realidade e imaginação e devaneios meus

A vida continua a passar um tanto acelerada para meu gosto, o tempo escorrega como areia entre meus dedos e eu corro contra o tempo nesta necessidade de perpetuar palavras, desvelar o véu e me encontrar nua em essência e verdade.

Corro tentando alcançar no caminho a vida que passou e que em alguma curva da estrada me esqueci de mim.

A chuva continua La fora, o cheiro de bolinho exala pela casa junto como aroma gostoso do café fresquinho, pingos de chuva deslizam suavemente pelas vidraças, uma lágrima escorre teimosa

O badalo do sino bateu, são 18hrs, criança vem chegando das escola, meu coração aperta mais ainda de saudades da Rafinha, saudade de quando a podia ter entre meus braços. Paro e penso neste tempo todo que passou e em tudo que perdi, ela já é uma pré- adolescente e tem um lindo sorriso que ilumina seu rosto. Uma bela princesa! Há distância que me maltrata...

Totalmente absorta em meus pensamentos não percebo a Bibi já estava enrolada abraçada em minhas pernas, pedindo beijinho. Disfarço limpo o rosto esculpo um sorriso e me entrego neste abraço.

Ainda bem que a vida não é sempre madrasta.

Marilda Corrêa
Enviado por Marilda Corrêa em 02/09/2010
Reeditado em 02/09/2010
Código do texto: T2473595
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