A DOR DE ONTEM JÁ NÃO ME DÓI
 


Felizes os homens primitivos que não filosofavam... Penso sobre isto enquanto leio “Múltipla Escolha” de Lya Luft, onde ela nos diz que há muitas maneiras de encarar a nossa existência: como um trajeto, um naufrágio, um poço, uma montanha.

 E nós seres pensantes, cada um com a sua visão, com a sua disposição, cética, otimista, trágica ou indiferente.
 
Nesta condição de ser pensante, imagino os que passam por aqui e não vivem, simplesmente penitenciam=se e seguem uma trajetória em demanda do “paraíso” prometido pós morte; os náufragos, que mergulham fundo e sem fôlego para voltarem à tona, permanecem náufragos no oceano de si próprios; os que fazem do fundo do poço o seu habitat natural, roendo a sua própria corda e os que escalam montanhas seguros de si e indiferentes aos perigos, atingem o topo e fincam sua bandeira: são os vencedores


 E a minha própria existência como eu a encaro... onde me situo, sigo uma trajetória, sou um náufrago, fiz morada no fundo de um poço ou escalo montanhas ...? Não sei... não sei... Diria que  sou poeta, de alma vadia e tão Fernando Pessoa, que vivo amando tudo o que foi , tudo o que já não é, sabendo que hoje já é um outro dia e a dor de ontem  já me não dói.  

 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 05/09/2010
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