Um momento de reflexão e solidão

É início de setembro, vivo um momento de solidão e reflexão, tirando as músicas sertanejas do meu vizinho, o resto é silêncio. Posso ouvir meus pensamentos e brincar com as palavras internamente sem necessidade de colocá-las no papel ou no computador sob a pena de perdê-las. Passei alguns anos presa num redemoinho de afazeres desatinados, não conseguia parar, ia assumindo um compromisso atrás do outro sem pensar. Senti-me sufocada, aprisionada, sem paz ou calma e vida foi ficando insuportável. A insônia foi minha companheira inseparável por um longo tempo, até vieram à química dos soníferos. O único meio de dormir de domingo para segunda era usando os malditos soníferos.

Não me dava conta que não estava vivendo, alias nem sobrevivendo eu estava. Sofria uma dor imensa de cansaço, agonia e um desprazer absoluto em tudo que eu fazia. Sonhava com um pouco liberdade de ir e vir sem me preocupar com a quantidade de provas, leituras, projetos para fazer. Até fui impelida a uma decisão: não quero mais. Disse para mim mesma. Tomei algumas atitudes que, invarialmente, me levaria a uma demissão. Não me senti triste ou alegre quando ouvi que estava dispensada de uma das minhas escolas, somente um imenso alivio e uma sensação de liberdade como há muito eu não sentia.

Alforriada para pensar, sorrir, brincar e ficar sem fazer nada e sem nenhuma impressão de culpa ao passar uma tarde inteira junto às pessoas que eu gosto. Vagar nos domingos nos brique da redenção (uma feira muito legal que existe num parque lindo em Porto Alegre) com minha filha e depois preguiçosamente almoçar em qualquer restaurante sem compromisso. Sair livremente num final de tarde de domingo sem o medo de não ter organizado as aulas para segunda- feira. O que mais eu gosto são minhas manhãs livres, preguiçosas em que durmo sem compromisso, pois, atualmente, dou aulas somente à tarde. É como eu tivesse voltado para casa depois de um longo tempo de afastamento. È uma paz que se sobrepõe a qualquer dinheiro.

Isa Piedras 06/07/2010

Marisa Piedras
Enviado por Marisa Piedras em 07/09/2010
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