NA DOENÇA OU NA TRISTEZA
 


Domingo, estava exausta...
Acabava de trabalhar com treinamento dos mesários para as eleições.
Em Brasília, a umidade baixa e mais o calor faziam-me mais cansada ainda.

Minha cabeça estava cheia de informações e projetos para todo o processo eleitoral até o dia “D”.
Quando é assim, não adianta tentar dormir.
Por isso, ligo a TV e finjo que estou assistindo.
Aproveito para tentar organizar minha mente antes de tomar um bom banho quente e relaxar.
Quem sabe... sonhar um pouco.

Mas, uma cena na TV atrapalhou essa rotina.
Então, consegui desligar minha mente um pouco e parei para assistir aquela matéria inusitada.

Uma mulher numa cadeira de rodas, gritava que o seu ex marido havia abandonado-a e repetia que fez isso por causa de sua doença.
Depois, uma cena do mesmo casal em uma mesa com uma conciliadora, tentando um acordo de divórcio.
A mulher dizia que ele não cumpriu a promessa que havia feito no altar.
Aquela... de amor na doença e na dor.

Mas, percebi que a história não era bem essa que aquela mulher queria passar.
O homem não respondia, mas os fatos falavam de per si.
Os problemas conjugais aconteceram muito antes daquela mulher adoecer e perder os movimentos a ponto de usar uma cadeira de rodas.
Os médicos entrevistados afirmaram que a causa dos danos aos movimentos de locomoção foi, na verdade, a falta de vitaminas em decorrência de má alimentação e tais danos eram irreversíveis.
Ou seja, a mulher não terá os movimentos normais de locomoção sem ajuda da cadeira, em decorrência de condutas equivocadas na alimentação.
Ela parou de comer proteínas, sabe-se lá porque.

A mulher queria a separação e o direito de ficar com a metade dos bens adquiridos. Nada mais...
Vale lembrar ainda que os dois tiveram um filho que tem sete anos e o pai, pelo que vi, cuida bem dele.
Confesso que fiquei o dia seguinte pensando nesse caso e perguntando no meu íntimo:
O que foi mesmo que aconteceu com essa mulher?
Será que parou de se alimentar para, então, cobrar a promessa de seu marido?
Ou ficou tão rancorosa e tudo que queria era se vingar dele, pois o matrimônio não correspondeu às suas expectativas.
As promessas que os casais trocam durante a formalidade do matrimônio são mesmo normas pétreas que justificam tal cobrança?
 


www.esterfarias.prosaeverso.net