CAPÍTULO XXX - Diário Poético-Sentimental de Uma Greve: Curiosidades, Emoções e Poesia na Greve do Judiciário Trabalhista Mineiro

Nos livros antigos está escrito o que é a sabedoria:

Manter-se afastado dos problemas do mundo

e sem medo passar o tempo que se tem para

viver na terra;

Seguir seu caminho sem violência,

pagar o mal com o bem,

não satisfazer os desejos, mas esquecê-los.

Sabedoria é isso!

Mas eu não consigo agir assim.

É verdade, eu vivo em tempos sombrios!

(Bertolt Brecht)

A manifestação de ontem, 07 de junho, contou com a presença de pouco menos que 300 servidores. Essa queda já é um reflexo das muitas pressões que o movimento vem sofrendo nos últimos dias, inclusive com o deferimento parcial dado pelo STJ ao pedido feito pela AGU.

Nesse momento, entretanto, eu gostaria de fazer um breve comentário sobre outra coisa: as pessoas e personagens que por um motivo ou outro acabam se destacando no movimento grevista em meio à multidão.

Vou citar, por exemplo, um colega entrevisto outro dia na fila de assinatura da lista de presença da greve que muito se assemelhava ao escritor Paulo Coelho. Faltava-lhe apenas o cavanhaque para que se tornasse o seu sósia perfeito.

Outra pessoa que se destacou com a sua presença diária e “diferente” foi o colega Thiago. Este sempre se apresenta vestido a caráter com a sua bermuda de poliéster, camisa, meias, luvas, sapatilhas e capacete de ciclismo. Tudo isso acompanhado da sua simpática bicicleta.

O Thiago encosta a bike num canto qualquer, assina a lista de presença da greve e fica por ali enquanto durar a manifestação. Ele me fez recordar de um interessante personagem de programa humorístico da televisão: o famoso Patropi, criado pelo artista Orival Pessini

Ora – imaginei num momento de plena descontração e fantasia mental - supondo que o Patropi tivesse que defender com o verbo e a fala a causa do nosso plano de cargos, imagino que ele diria algo mais ou menos assim:

- É o seguinte: quer dizer, eu também não sei. Mas supondo que soubesse, eu diria: sei lá, entende! Será que dá pro pessoal aprovar logo esse PCS? É que eu tô atrasado...

Pois bem: existe ainda um terceiro e mais importante personagem que surge diariamente entre nós. Em verdade ele se encontra conosco durante toda a manifestação e mesmo antes ou depois dela. Mas é no final de cada ato que este personagem surge resplandecente: é o Hino Nacional Brasileiro.

Ao final de cada ato nos damos as mãos, elevamos os nossos pensamentos e desejos de vitória e entoamos com orgulho o Hino Nacional Brasileiro. Ao término dele erguemos juntos os punhos e soltamos um brado que marca e representa a nossa solidariedade e o nosso objetivo comum naquele momento.

Para nós, estas são as palavras mais importantes de cada ato público de que participamos:

Mas, se ergues da justiça a clava forte,

Verás que um filho teu não foge à luta,

Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada

Entre outras mil,

És tu, Brasil,

Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil,

Pátria amada,

Brasil!

São estas as palavras que mais nos dizem do nosso momento. São elas que fazem transparecer o que sentimos e o que desejamos. E são elas, finalmente, que falam da nossa garra (“Verás que um filho teu não foge à luta”), da nossa perseverança, da esperança e do nosso desejo de vitória.

Luís Antônio Matias Soares
Enviado por Luís Antônio Matias Soares em 10/09/2010
Código do texto: T2489129
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