"BOM TE VER..."

Inexplicavelmente uma bem-te-vi, no jardim de minha casa, no galho de um ipê amarelo, que está todo florido, canta sem parar. Fui à janela para observá-la mais detidamente. Droga! Foi embora.

Quantas oportunidades são perdidas em nossa vida pela vontade imensa de querer apressar o tempo ou buscar alternativas equivocadas. Era somente eu ter deixado a bem-te-vi cantar e poderia usufruir de sua canção mais tempo, mas quis fazer mais, quis ver de perto o lindo pássaro.

Coincidência ou não, a bem-te-vi foi embora. Agora fico lembrando, continuamente, de seu inesquecível canto.

Não reclamo da vida. Lamentar não é comigo, haja vista que tem outros pássaros aqui próximos a mim, cantam e enfeitam manhãs sejam de primavera ou inverno, mas não sei o porquê a tal da bem-te-vi não me sai da memória. Outrora em meu jardim fez ninho e criou. Criou uma elasticidade temporal em meu coração, que sempre quando ouço cantar qualquer bem-te-vi, acho que é ela que está retornando para nova re-criação. Re-criação de uma nova vida, re-criação de uma nova possibilidade de ouvir o seu canto. Infelizmente, torno-me frustrado, não era ela. Ou era?

"Bom te ver" bem-te-vi, que não somente na primavera seu canto é inconfundível e vivaz em minha mente, mas em todas as estações do ano. Aliás com você, bem-te-vi, todas as estações se voltam somente para uma - primavera - tudo é flores ou tudo são flores, facultativamente utilizo a regra gramatical para lhe render mais flores em minha escrita, quem sabe assim, você retorna como uma borboleta, daí não quero fazer feio, quero que saiba que o meu jardim sempre esteve e está florido.

Será impossível nosso amor bem-te-vi - humano X pássaro - talvez tenha que me recorrer ao Mário.

"Todos esses que estão atravancando meu caminho - eles PASSARÃO,

eu... passarinho" Mário Quintana

Quem sabe me transformando num passarinho posso voar ao seu encontro bem-te-vi e lhe dizer que sempre te amei, não menos como agora te amo.

BOM TE VER BEM TE VI.