Esse tal de Doutor Dalton Siqueira

Alguém o conhece? Eu também não. Quem é ele afinal? Brincadeira à parte, pois essa figura maravilhosa é um ser humano dos mais preparados para habitar a terra neste terceiro milênio. Eu o conheço desde o longínquo ano de 1.972, quando ele ainda prestava serviços no antigo Hospital Dom Bosco, situado onde hoje existe o Hotel Kananxuê na cidade de Barra do Garças, em Mato Grosso. Não foram poucas as vezes que presenciei essa irrepreensível pessoa humana fazer o bem para o seu próximo. Tanto é que quando surge uma conversa entre amigos na qual ele é citado, faço sempre questão de acrescentar que eu particularmente, o chamo de “Doutor Dalton, o Pai dos pobres”, justamente pela extensa folha de serviço de medicina prestado em prol dos mais carentes e deserdados da sorte. Em suma, como se diz popularmente: “Ele é o Cara”. Dito isso, aproveito do ensejo para relatar um episódio que se passou comigo nessa maravilhosa cidade de Barra do Garças, a Capital das Cachoeiras e Portal da Amazônia, terra também dos cantores, Eudes e Candinho, lá pelos idos do ano de 1.975, salvo engano.

Nessa época eu era funcionário da firma Barrafértil Ltda, cujo proprietário era o saudoso, Wilmar Peres de Farias, que Deus o tenha num bom lugar, pois o mesmo foi meu patrão, meu amigo e sempre tive com ele relações de grande amizade e respeito . Pois é, acabara de chegar de uma viagem em fazendas da região onde fora coletar terras para análise e estava tomando todas as cachaças, ou melhor, todos os whiskys do mundo num barzinho de esquina localizado naquela cidade na Av.Presidente Vargas, esquina com Rua Goiás, quando de repente me aparece o Dr. Dalton que foi logo me dizendo:

--- Muriçoca(é como ele me chama) estou precisando de você!

--- Eu já estava p´ra lá de Bagdá, mas mesmo assim raciocinara, o Doutor Dalton precisando de mim? A princípio pensei que se tratava de mais uma brincadeira do Doutor, mas observando a seriedade do mesmo, disse-lhe: Fala amigo velho!

--- O negócio é sério, estou com uma paciente em meu hospital que está precisando com urgência do sangue “A Positivo” e como já vasculhamos nosso cadastro de doadores, inclusive o que consta os doadores do Quartel do Exército em Aragarças e do Quartel da Polícia Militar em Barra do Garças e não encontramos o Fator RH compatível, saímos então à sua procura, pois em nossos registros consta que você tem esse tipo de sangue.

--- Mas doutor como o senhor está vendo, eu estou nestas condições, chamando Jesus de Genésio de tanto embalado. Como é que fica?

--- Não importa o seu grau alcoólico, o que importa no momento é salvar vida e você é a única opção que temos.

--- Diante disso, perguntei-lhe, depois que tirarem meu sangue, posso continuar bebendo?

--- Claro que pode, aliás, é uma maneira de você se refazer da perda do sangue. Deixe seu carro estacionado aqui e vamos no meu, depois eu lhe trago de volta.

Fomos ao hospital e lá a enfermeira extraiu mais ou menos 400 ml do meu sangue. Voltei para aquele bar e continuei bebendo o meu whisky “White Horse” que lá ficara guardado. No outro dia, um domingo, lembrei-me do ocorrido e me dirigi àquele hospital para saber notícia da pessoa que recebera o meu sangue. Qual não foi minha surpresa ao constatar que a dita cuja, que já estava passando bem, era nada mais e nada menos do que a esposa de um parente meu, o Osman Araújo lá de Alto Araguaia-Mt? Com isso até hoje agradeço à Deus pela oportunidade a mim concedida em ter podido colaborar para o restabelecimento de saúde de uma parenta minha e por ter como amigo a pessoa iluminada do médico, Dalton Siqueira, que sem favor algum, é merecedor de todas as homenagens do mundo.

Amarú Inti Levoselo
Enviado por Amarú Inti Levoselo em 25/09/2006
Reeditado em 30/09/2006
Código do texto: T249335
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