Escolas não são cárceres

Um dia, quando trabalhava numa escola de uma rede municipal – aqui não vem ao caso de qual município, pois este é um problema comum a provavelmente todas as escolas da rede pública (e até da rede particular) do Brasil –, estava conversando com o professor de Geografia (Gilcimar Barcelos dos Santos) da escola em que eu lecionava sobre os eternos – não nos iludamos, essa é uma área que sempre irá requerer novas soluções – problemas da educação, quando ele disse que a “nossa” escola parecia uma prisão, e isso claro que afeta o humor e a produção dos alunos.

Pois bem, porquê não usar mais a criatividade na hora de construir e reformar escolas, fazendo – uma única sugestão ilustrativa, podem haver várias outras, ainda mais levando-se em conta a criatividade do brasileiro –, por exemplo, uma estrutura externa e interna (inclusive das salas de aula) a La Gaudi, com formas inusitadas que quebrassem a monotonia quadrada , e repletas – as estruturas internas e externas e as formas inusitadas – de mosaicos coloridos?

Alguém poderia argumentar: “para quê construir escolas como obras de arte se os alunos irão depredá-las?”, mas será que devemos ser tão punitivos com um estudante que cola um chiclete mastigado entre um mosaico e outro da parede de sua escola, se há uma obra de arte, cujo autor infelizmente não me recordo quem é, que consiste justamente no chiclete mastigado aderido um ao outro por cada visitante do museu? “Nesse caso – argumentariam ainda – tratava-se da intenção do autor, o que não é o caso da escola”. Pois, se um projeto assim for posto em prática, deve ser feito com a consciência de que sua conservação não será com 100% de eficácia, por mais que não haja rebeldia onda ela é previsível. Acrescente-se ainda que, se os próprios alunos de cada escola ajudarem a aplicar os mosaicos, como parte da aula prática de artes, eles dificilmente vão querer destruir o que levou a participação deles para ser construído.

Outra coisa que poderia se argumentar é o custo de algo assim. Mas, além de não ser necessário contratar um profissional com o renome de Oscar Niemeyer – acredito na capacidade e competência dos próprios servidores das prefeituras e dos estados do país afora –, essa é uma área digna de investimento.