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Informação: a disposição dos parágrafos de minhas crônicas, nas páginas do recanto, é só uma maneira de facilitar a leitura.


A IDADE SEM MEIA


Pessoas! Vamos combinar que idade é uma anomalia de nascença.

Com o tempo, a idade transformou-se de número de anos contados do seu nascimento numa ofensa.

Há muito, ela vem sendo desprezada por quem as tem como se fosse uma aberração a ser escondida.

Se for mulher então, nem se fala. Idade fica com cara de ruga, cabelo branco, boca sem batom, rosto sem maquiagem, chinelos nos pés, etc.

Você pode até, claro correndo o risco de receber uma resposta malcriada, dizer que ela engordou um pouquinho. Ela ficará chateada, mas sairá correndo para uma academia de ginástica e passará as duas próximas semanas comendo ração humana e tomando café sem açúcar e sem adoçante. Pedacinho de doce? Virou veneno!

Porém, se lhe perguntar quantos anos você acha que ela tem, não ouse lhe dar 40 se ela tiver 39, 51 se ela tiver 50, 30 se ela tiver 29, 11 meses e 29 dias. Ela não lhe perdoará nunquinha e lhe odiará pelo o resto de sua vida.

Não pense que os homens também não estão nem aí para a contagem do tempo de vida.

A adesão a esse desprezo pela idade, por eles, também caminha a passos largos.

O processo natural do caminho do tempo tornou-se um tirano e a juventude eterna rola solta por aí.

Com isso, somos obrigados a ouvir nos aeroportos, por exemplo, os primeiros a entrar serão os da MELHOR IDADE.

Inventaram tantos nomes para a idade: TECEIRA IDADE, MEIA IDADE, TENRA IDADE e outras tantas, que ficou difícil nos situarmos dentro de qual delas somos partes. 

Não chamarei tudo isso de bobagem, em respeito aos que não conseguem se livrar do auto-preconceito de seu tempo vida. 

Ninguém é obrigado a olhar para a idade como uma amplitude de horizontes internos, com os meus olhos.

Está certo que consta no catálogo da idade, quando já se tem mais tempo para trás do que para frente, de que o espelho não mentirá para você.

Nem as luzes muito claras.

A idade, entretanto, é apenas um referencial de tempo. O passar do tempo é inevitável. O numero matemático não é um número válido para a alma. 

Válido é o que lúcida e maravilhosamente escreve Alessandra Espínola: ”tenho o triplo de minha idade, mas estou embrionária: tudo lorota. tenho a idade desse instante.”

Por isso, aqui, eu tiro a meia da idade, fico descalça e feliz com a idade do meu instante.