SOMBRAS PSÍQUICAS

SOMBRAS PSIQUICAS

Pensar não custa tanto, apenas um pequeno esforço mental e lá estamos nós abrindo algumas janelas, nas memórias, central e periférica de nosso cérebro.

Nesses pensamentos percebemos que durante a nossa passagem pelos corredores da vida terrena, nos vestimos e nos transvestimos de pensamentos concebidos de outros e/ou paridos da nossa consciência.

Com o passar dos dias, formamos uma crosta de dúvidas, mazelas psíquicas e criamos o lodo da insatisfação adquirida, que vão turvando a tez da nossa alma.

A cada dia a insatisfação e a dúvida vão se acumulando, formando barreiras, por vezes intransponíveis. Com isso, vêm as doenças psicossomáticas: depressão, fobia... Além de outras tantas chagas, que provocam o desequilíbrio físico e emocional da pessoa humana.

O nosso cotidiano está tão estressante, que não precisamos sequer procurar esses descaminhos. Basta-nos a observação dos efeitos causados por essas enfermidades nos outros e pronto, também somos contaminados, pelas mazelas disseminadas neste século.

Eu acredito que não precisamos tomar as dores dos outros, não necessitamos viver a problemática alheia. Cada indivíduo é responsável pelo que faz ou deixa de fazer, logo não carecemos acompanhar os feitos e os desfeitos dos outros, como se nossos fossem. É difícil fazer isso? É, mas é necessário que atuemos assim, para aliviar a nossa carga emocional e forçar a esse outro a encontrar soluções para os seus problemas.

E como devemos fazer? Buscando a felicidade em nós mesmos. Compreender-nos antes de compreender alguém. Solucionar os nossos desacertos, antes de querer acertar para os outros. Isto é difícil? Sim, é muito difícil, mas se não tentarmos, nunca descobriremos até onde poderemos chegar.

Eu tinha a petulância em achar que o outro carecia do melhor para si e, procurava fazê-lo entender, que o que eu achava ser bom para mim, seria o ideal para esse outro. Não entendia que o que eu achava ser bom para mim, não obrigatoriamente, o seria para esse outro. De tanto me decepcionar, fui aprendendo que tinha tanto a lapidar em mim mesmo, que não havia espaço nem tempo, para querer lapidar os outros.

Pude ver ainda, que até e principalmente os filhos só conseguimos lhes transmitir o básico desse aprendizado e nada mais. Eles depois de certa idade trilham seus próprios caminhos e se deixam ou se lapidam de acordo com suas necessidades.

Acredito que ao descartarmos essa obsessão de querer fazer o outro trilhar sobre os nossos passos, estaremos nos libertando das amarras psíquicas e dando a oportunidade a esse outro de gerar as suas próprias marcas nos caminhos da vida. O aprendizado é para quem quer aprender e não para quem necessita.

Rio, 23/09/2010

Feitosa dos santos