PUXAR OS CABELOS



Não sou pessoa de roer unhas, tamborilar os dedos na mesa ou no braço do sofá, nem de balançar uma perna ininterruptamente. Tem gente que faz isso ligada no automático, mesmo que não esteja nervosa ou sofrendo de ansiedade. Outras, enquanto conversam, ficam enrolando mechas do cabelo com o indicador. Sem falar naquelas mulheres que de tempos em tempos enfiam as mãos na cabeça e dão uma boa chacoalhada na cabeleira. Devem ser os tais tiques. Se eu assim fizer, vou ficar igual à Nega Fulô. Minha mania é um pouco diferente, sempre gostei de escovar o cabelo, não exatamente para deixá-lo brilhante ou arrumado. O que me agrada é massagear o couro cabeludo, hoje em dia não tão cabeludo como outrora... Parece que as cerdas, pressionando a cabeça, oxigenam a área. É uma sensação boa.

Um dia, olhando um livrinho de Do-In (massagem de origem chinesa relacionada com a energia do corpo), descobri que puxar os cabelos provoca bem-estar. Temos que pegá-los de punhadinho em punhadinho e ir puxando, com certa delicadeza, evidentemente. Aprendi também que pressionar com os dedos o lóbulo da orelha e puxá-lo para baixo produz o mesmo efeito.

Então percebi que aqueles tiques e manias relacionadas com a cabeleira têm sua razão de ser. Quem os pratica está instintivamente procurando sentir-se bem.





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