Minha professora - apresentadora

Lembro- me com carinho da minha infância, principalmente por já ter ingressado na escola um pouco familiarizada com as letras. Minha mãe sempre que viajava trazia para mim revistas em quadrinhos que eu amava folhear e com o passar do tempo, fui associando as expressões dos rostos das personagens com o que estava escrito e assim meio que sozinha fui aprendendo a ler.

Quando cursei a 2ª série eu tinha 8 anos de idade e fui apresentada a minha professora Conça, que eu me apaixonei à primeira vista, apesar de ter sido muito tímida na época ela me incentivava muito a ler na frente da sala por achar que eu tinha uma boa leitura e dessa forma eu fui perdendo a timidez.

Frases do tipo “- Você é ótima pra ler”, “ -Eu gosto muito da sua leitura” dentre outras, me enchiam de orgulho e me impulsionavam para que eu lesse mais. Sempre contava também com minha mãe e minha irmã mais velha que eu “explorava” pra que sempre comprasse pra mim mais revistas e com o passar do tempo, livros e mais livros.

Uma das formas com que ela também levava-nos a sermos mais e mais exigentes conosco era a competição interna em sala de aula. Ela de repente se transformava em uma apresentadora de auditório e convidava-nos a nos apresentar na frente da classe com nossos trabalhos ou atividades prontas e para aquele que se saíssem melhor era oferecido alguns prêmios já pré definidos e escolhidos por nós mesmos.

Eu amava esses momentos, pois eu queria sempre ganhar e tinha uma colega, Carla, que era minha “maior rival”, pois ela lia tão bem quanto eu e nós criamos uma competição só nossa, de quem ganharia mais prêmios durante o ano.

Nossas avaliações também eram uma forma de competição e nós duas estávamos sempre disputando o primeiro lugar na preferência da nossa professora.

Conça percebeu essa rivalidade e passou a tirar proveito disso para nós mesmos e ofereceu a todos da classe um prêmio maior no final do ano, para o melhor da turma.

No final do ano letivo lá vem nossa professora apresentadora vestida a caráter para um programa de auditório e , acreditem, tinha até palco. Todos nós estávamos eufóricos para descobrir quem seria o grande vencedor, pois ela avaliava o aluno por completo em sua capacidade de ler, escrever, resolver problemas matemáticos, participação, interesse, originalidade dentre outras coisas.

Quando a votação foi feita pelo corpo de jurados ( alguns alunos e funcionários da escola ) pasmem, eu e Carla empatamos em primeiro lugar. Foi uma festa geral, pois todos os alunos ganharam de acordo seu próprio desempenho e nós duas pudemos escolher nossos prêmios.

Carla escolheu uma cozinha de brinquedo, com panelinhas, fogões e outras coisinhas lindas que uma menina na nossa idade amava. Eu escolhi gibis e minha professorinha me deu de presente cinco deles. Fiquei hiper feliz.

Hoje sempre que a vejo nós conversamos sobre isso e ela pergunta-me se ainda gosto de ler daquela forma voraz como antigamente. Respondo-lhe que sim e que devo muito isso a minha mãe, minha irmã e principalmente a ela e seus incentivos literários.

Juciara Brito - Acadêmica do curso de pedagogia pela FACE.

Juciara Brito
Enviado por Juciara Brito em 26/09/2010
Reeditado em 28/09/2010
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