O vaxame na imprensa

Liberdade de quê?

Mais de uma semana sem escrever e a pauta continua a mesma. Bons mestres me ensinaram que fazer crônica é mudar de assunto, para que o leitor tenha a oportunidade de dar um respiro entre uma chacina e a queda nas bolsas. Mas, em tempos de eleições fica difícil mudar o rumo da prosa.

Abro o jornal e o vexame na cobertura da grande imprensa cotinua o mesmo, com a descarada, senão nojenta, campanha pró-Serra. O volume de absurdos é tanto, que preciso encontrar refúgio em jornalista que analisa os fatos com um mínimo de isenção, como o Alberto Dines, no Observatório da Imprensa. Ainda bem que ainda há gente que pensa por aí. Do contrário, o que seria de nós, leitores, ávidos por notícias, à mercê de informações totalmente manipuladas nas páginas dos grandes jornais?

Na minha formação acadêmica aprendi que jornalista não toma partido, que veículo de comunicação não pode declarar favorecimento a esse ou àquele, que a reportagem deve primar pela imparcialidade, que devemos sempre ouvir os dois, três ou quatro lados da história. Mas isso é passaado, né? Ou nossos coleguinhas, com o advento da não obrigatoriedade do diploma, devem ter se esqauecido das lições que tiveram na faculdade, ou fala mais alto a liberdade de expressão, ops, liberdade do ganha-pão.

É isso. Uma balela só esse discurso em defesa da liberdade de expressão. Algo que a revista Carta Capital faz, ao declarar publicamente o apoio à Dilma Roussef, e por isso sofre pressão da justiça, que acata denúncia anônima de favorecimentos do governo à revista nas contratações publicitárias. Tudo às avessas. E é o presidente Lula quem está ameaçando a democracia e a imprensa brasileira?

Vinte anos de profissão, 41 de idade, e me custa acreditar nesse jogo, em pleno século 21, num país que já sofreu tudo o que tinha pra sofrer durante a ditadura militar. É a hora do amadurecimento político, de buscar soluções reais para os problemas brasileiros, e as elites demotucanas (expressão copiada do meu colega Ricardo Kotscho), ainda fazem campanha pela tomada do poder, para continuar mantendo acordos de favorecimentos vários. Chega a ser cafona, chatinho, me dá preguiça.

Mais preguiça me dá ao ver que boa parte da população ainda colabora com esse joguinho sujo. Onde moro, considerado bairro operário de Volta Redonda/RJ, num rápido passeio é facinho ver casas em obras, milheiros de lajotas e de telhas, novinhos, recém-colocados nas calçadas de cabos eleitorais dos candidatos mais reconhecidamente picaretas da cidade. É a relação do ganha-ganha, mas na base do maucaratismo.

Ainda mais preguiça eu sinto ao descobrir ‘amigos’ que estão defendendo com unhas, dentes, coração e alma, o fascismo que está claramente colocado na campanha anti-PT. Preconceito e racismo de todo jeito. Uma pena. Anticultura. Falta de informação. Falta de leitura. De capacidade de analisar e interpretar fatos. Desconhecimento da história do seu próprio país.

Mas, a gente aprende que desenvolvimento, evolução, crescimento acontecem aos poucos. Não condenaram Galileu por heresia por dizer que o Sol era o centro do universo e não a Terra? A ignorância existiu em todas as etapas da história do mundo. E continua por aí, por todo canto.

Giovana Damaceno
Enviado por Giovana Damaceno em 27/09/2010
Código do texto: T2523475
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