Política - Conversa de comadres?

Política? É a arte de ter grande saco, de estar disposto a ver aquilo que não se pretende ou não estar no planejamento diário da vida. Contemplar palavras bonitas saídas de bocas bem tratadas de falantes e se iludir com velhas retóricas articuladas de velhos caciques exploradores das esperanças alheias. É sentir a vontade arder no estômago como úlcera dilacerada e dilacerar a vontade de presenciar a democracia como bem comum de todos, com todos e para todos.

Política é a fantasia dos tolos, a arma dos magnatas articuladores de opiniões, a necessidade do querer perene, perpétuo, sacro. A mais valia e a possibilidade do acerto clandestino, embutido. É o tino certeiro no dom de iludir, a criação de mundos fantasmagóricos, além de também ser a roldana da vida que vai à crescente da ciranda, no passo a passo, no mão a mão para além do interesse individual para a perpetuação da vida no coletivo.

No Brasil, a política é a participação ativa cidadã no processo democrático de escolha através do voto secreto dos governantes e representantes de estado e nação e as várias faces de uma realidade camuflada, conturbada de desencontro de grupos, interessados, jagunços dessa terra de “pátrias mis”: onde reside a verdade e com ela o bem comum? A política está para o relativo e o absoluto das exigências da vida.

O quadro é lastimável, as opções de escolha, um caos e a obrigatoriedade de propor um novo ideal cansa o eleitor acostumado ao voto como troca de favor ou cabrecho e não como arma única de indignação e mudança. A oportunidade de dizer ou repudiar a realidade presente que nada representa além do interesse manuseado. O voto está para a política assim como a política acontece quando o voto pode fazer a diferença para a construção de novas verdades, nova realidade ou situação.

De um lado velhos caciques regionais sentindo-se traídos por súditos que almejam o novo, o sonho de uma nova roupagem ao quadro caquético do congresso e do senado nacionais e ousam e dizem não e dão um basta; do outro um novo que ninguém sabe ao certo se é novo realmente porque o poder vai sendo gestado pelos filhos daqueles que são denominados de velhas raposas, havendo, na verdade, apenas uma troca de cadeiras, de idades, embora os interesses sejam os mesmos dos indigestos grupos.

No centro do coração da gente a falta de esperança materializada na descrença de uma nação que elege apolíticos como salvadores da pátria ou maestro de vãs esperanças: humoristas, palhaços, astros do futebol cansados de guerra, pilantras, artistas circenses, ocos, vazios, aqueles que veem na política o escape para permanecerem vivos, lembrados, ativos num mundo de glamour, fama, diversão. Não suam a camisa, não apresentam propósito, não precisam de discurso porque a necessidade de protesto é inerente aqueles que protestam sem causa definida.

Uma pergunta que não cala o peito inflamado, dilacerado, tosco de milhares de rostos necessitados de crenças, mitos, vontades e desejos; várias perguntas que afligem os peitos ensanguentados daqueles cansados de acreditarem num presente descabido de falsas promessas, de medíocres alternativas de mudanças infundadas, desproposital: E o futuro? E quem se sente representado de verdade por esta massa representativa alheia aos desejos do povo que os representam?

Para alguns, um grito de repúdio lançado sem alvo porque atinge o nada. E no nada o caos estabelecido e a falta de: Ética? Moral? Razão? Sensibilidade? Vai querer entender. O que poderia estar acertado, mais distante do real desejado fica a deriva, ao deus dará, uma nação de gente, de anseios, de necessidades de dias melhores.

Para outros a satisfação do nada muda, nada consta e a mesmice do povo nas mãos de interesses particulares, como mamulengos, manipulados, adoradores do sim, do talvez ou possa ser...

Política? É conversa de comadre? São dores tomadas e laços amarrados em nó cego? É a cegueira de uma nação que não caminha com pés próprios? É vaidade, egoísmo, prepotência, ostentação, comodismo? São os ismos entraves da vida? A manipulação de homens por caprichos de outros? Que seja?

Política é idealismo, isso. Algo que estar além do real salvo nas mãos de poucos que norteiam o destino de tantos. São tontos momentos de euforia e satisfação.

Que a política nossa de cada dia possa trazer a cada cidadão brasileiro a esperança de sonhar com dias melhores. Não esses sonhos de contos de fada, ou essa rebeldia de votar sem propósito, pelo achismo ou desejo individual...

A política é o desejo do coletivo, o bem comum, da prosperidade. A oportunidade de acertar a partir da análise dos dados reais que se apresentam em nossa frente, no nosso meio, de todos os lados... Que esses dados possam fazer a diferença na hora das escolhas da vida.