ACORDA, MENINA!

Opa! Volta pro mundo! Enquanto você dorme aí ao sol da tarde, um monte de coisa tá acontecendo, sabia? A bolsa oscila, a terra treme, o mundo desaba. Duvida? Pois é! Tem gente nascendo, morrendo, casando, descasando, rindo, chorando, comendo, trabalhando, rezando, xingando, amando, desamando, feliz, sofrendo, acordando... E dormindo! Dormindo? Ah, não! Dormir é bom, mas tem seu tanto. Só mesmo na horinha em que vai baixando aquela moleza boa. Você boceja. Vai perdendo a noção das coisas. Devagar, devagarinho... A TV fica esquisita, vai perdendo a nitidez. Entre um cochilo e outro, o povo lá na tela vai ficando verde e começa a falar alto, parecendo que tá todo mundo com raiva de alguma coisa. Nada disso, viu? Ninguém tá brigando, não! É só você mortinho de sono mesmo...

É noite? Ah, aí é tudo diferente. Pode dormir à vontade. E nem perca tempo. Você já tomou banho, tá de pijama, vai esperar o quê? Também já comeu aquela maçãzinha básica que os médicos e todo manual de “Como ter um sono saudável” já ensinaram, não é? Pois é! E é bom mesmo, viu? Eu mesma como toda noite. E o sono é outro: “reparador e tranquilo” como dizem as mensagens da Bíblia. Bem melhor que comer pipoca pra ir dormir... Sim, porque comer pipoca e ir dormir é um desastre! Faz isso não! Minha avó tinha o péssimo hábito de fazer pipoca pra gente, à noite. Não dava outra: era comer e ter pesadelos. Isso ficou pra vida inteira. Só demorei a descobrir o culpado: esse misterioso grãozinho que pula e cai de noiva: a pipoca. Já fiz o teste e deu certinho! Só que os pesadelos evoluíram. Passaram de bruxinhas pra agulhas fininhas entrando pelas vértebras... Aiiiiiii!!! Que dor lancinante. Lancinante! Não tem outra palavra pra melhor explicar a dor nesses pesadelos de noite pós-pipoca.

Acredita não? Uma amiga e eu voltávamos pra casa de uma procissão. Ela teve a infeliz ideia de ir ao carrinho do pipoqueiro “Uma pipoquinha, Marina?” Eu, hein? Tá doida! Nem morta! Depois passar a noite tomando agulhadinhas na coluna? Nem pensar. Ela riu. Fez pouco caso, comprou a noivinha. Coincidência? Sei lá! Sei que no dia seguinte queixou-se “Menina, cê tinha razão, a pipoca de noite foi um veneno!”. Viu? Falar eu falei, quem mandou não acreditar? Bom, mas agora é hora de acordar mesmo! Lá fora tá o maior solzão. E o mundo gira! Acorda, menina! A vida não espera ninguém. E dorminhoco com ela não tem a menor chance, copiou? Então cola e se descola desse colchão de mola! Acorda e vai trabalhar. Porque se fica aí dormindo, vai ver o tamanho do seu pesadelão no fim do mês. De agulhinha na coluna? Quem te dera! Desta vez são seus credores. Eles têm uma birra danada de quem dorme além da conta e não paga em dia suas contas, sabia?