Resgates e Sonhos

Minha mãe tem uma irmã com quem não se dá. Antes mesmo de eu voltar a morar com ela, as duas já não se davam mais. Brigas por mesquinharias que simplesmente não vale a pena falar aqui. Até porque eu não tava ali, pra conhecer a fundo as motivações pra que as duas tenham rompido relações. Mas acho que sei o bastante pra dizer que não vale a pena ficar ali, dividindo o mesmo terreno, se as duas não suportam se ver e não trocam palavras uma com a outra. Tá certo que minha mãe lutou pra construir aquela casa, que o terreno também é dela, e tals... mas morar ali, no mesmo terreno com a irmã que não suporta, vai dar ainda mais problema. Já quase que dá...

Pois ontem, eu chegava em casa e minha tia reclamava, falando alto, dizendo impropérios contra mim. Eu me irrito, mas decido não responder. Tô cansado, chegando em casa, aquela coisa toda. Vejo, então, minha tia se dirigir pra casa de minha mãe. As duas conversam amigavelmente. Nenhuma palavra sobre mim, nenhuma letra sobre os impropérios que minha tia havia me lançado há poucos minutos, parecia que nada daquilo havia sido dito. Me senti esquisito, a raiva ainda entalada na garganta, acabei não perguntando nada, não tomei satisfação alguma. Vou tomar um banho.

Não entendo direito. Primeiro, parece que o banheiro, com chuveiro, sanitário, etc., é como nos antigamentes, uma “casinha” lá fora. Depois, entrando no banheiro, parece mais com um vestiário de clube, com um pedaço do teto faltando, como se estivesse em reformas. Fico me achando, por ter um banheirão daquele tamanho, todo só pra mim. E quando deixo as roupas sobre um banco de madeira... eu acordo! Sim, não passou de um sonho. Não lamento que tenha sido apenas um sonho.

Levantei-me, então, manhã alta, já, fui pra parada do ônibus, peguei o meu, pra vir ao trabalho. Não lembro qual o número, é um daqueles que vêm da Cidade Nova, pra ir pro Centro. Curiosamente, não estava tão lotado. Talvez pelo adiantado da hora, já deviam passar de 9 horas da manhã. Um amigo e eu comentávamos sobre as eleições, sobre nossos candidatos, como a Marina Silva, e ríamos ao comentar sobre a aura de santidade que alguns eleitores evangélicos lhe conferiram, em comparação com outros candidatos.

Nisso, um rapaz, de camisa de botão e calça social, com um sorriso amável, me entrega um daqueles folders pequenos, daquelas filipetas que às vezes a gente até usa pra marcar página de livro. Ele parece ser daqueles meninos que trabalham de obreiros, naquelas igrejas evangélicas. Entregando-me a tal filipeta, ele me explica que ali trata de velhas relíquias esquecidas da cristandade antiga. Fala que foi descoberta uma delas, há uns meses, e que a busca pelas outras estaria se reacendendo, que todas igrejas cristãs estavam buscando por consegui-las. O rapaz fala de umas escrituras, em uma placa de cerâmica, deixadas por um dos apóstolos de Jesus – não consigo me lembrar do nome agora – que foram encontradas em Israel, parece. Que, desde então, pelo mundo todo, tem gente buscando outras relíquias, num número total de 7, dizendo que a Igreja que se apossar dessas tais relíquias, terá supremacia sobre as outras, podendo até tornar-se a única religião considerada a Cristã de verdade. Era alguma coisa assim.

Não sei, sei que esse amigo que estava comigo no ônibus e eu resolvemos que vamos nós também buscar essas relíquias. Metade por um tipo de busca espiritual, um motivo pra vida, alguma coisa assim. Outra metade de olho no dinheiro que se poderia ganhar, encontrando tão importantes tesouros arqueológicos, como esses. Num outro momento, estamos nós andando por uma área desértica, não lembro exatamente onde, se lá pros lados do Oriente Médio, ou se na Austrália, interior dos Estados Unidos, Chile, Bolívia, ou sei lá onde. Enfim. Era mais um sonho. Dois sonhos estranhos e aparentemente sem sentido. Talvez alucinações provocadas por alguma febre durante a madrugada. Não melhorei ainda da gripe, mas estou bem melhor. Quanto a este segundo sonho... não sei. Mas deve haver mais coisas aí. Talvez, algo me chamando atenção para o meu lado espiritual. Talvez... sete relíquias sagradas, os antigos valores cristãos precisando ser resgatados...(??) É, pode ser. Não tenho certeza. O outro, talvez seja mais querer ver a família mais unida, novamente, sei lá.

Também tive sonhos com minha primeira grande paixão de vera, nessas últimas semanas. Mas não lembro nem mesmo do enredo. Talvez também quisessem dizer alguma coisa, mas não sei o que. Deixa pra lá!

Ayrton Mortimer
Enviado por Ayrton Mortimer em 05/10/2010
Código do texto: T2539482
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