Feijão com arroz

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Pensou tratar de poesia. E a poesia estava ali. Acomodara-se em seu peito o dia inteiro. E pediu-lhe para esperar.

Quando, enfim, deu-lhe atenção, apareceu um pássaro, daqueles lampeiros e fugazes (um beija-flor-errante?)... E antes que registrasse sua presença, ela (a poesia?), ele (o pássaro?) se foi...

Em seu lugar. O espaço.

Branco.

Liso.

Escorregadio.

E perigoso.

Deveria ter-se lançado ao espaço (branco, liso, escorregadio)?

Sim? Não? Talvez...

Estas são perguntas-respostas sem respostas-questionamentos.

Assim como a poesia...

Muitas vezes branca... lisa... escorregadia...

E várias vezes... perigosa.

Como a vida.

(Ou como o alimento que lhe sustenta)

...

(Adriana Luz – outubro de 2010)