Uma Centopéia, eu e Deus.

Em momento algum da minha vida eu me propus a não maltratar forma de vida que seja!

A vi andando pela sala de TV quando atendia ao telefonema de minha mãe. Assustei-me um pouco em princípio, antes de que minha mente discernisse o que era. Depois logo apiedei-me, em companhia de um irmão terreno, a centopéia.

Seguia lentamente rumo ao tapete, talvez tentando esconder-se. Esses bichos passam boa parte da vida tentando se esconder de predadores. Só o homem é predador de si mesmo!

Fique vendo-a enquanto encerrava a ligação. Não podia sumir, não ia matá-la, mas queria ao menos deixá-la em local seguro e longe de dentro de casa.

Quando me encostei no bicho com uma folha de mato para pegá-lo, o mesmo se contorceu e endureceu a carcaça feito pedra. Fiquei chocado, achando até que estava morto. Era sua defesa natural! Maravilha, pensei. Que bicho louco!

Enquanto os homens cantam sobre seus corações que talvez não batam mais, a centopéia se contorce e se endurece como único instinto de sobrevivência, na iminência do perigo.

E minha mulher, com duas pernas e dois braços, gostaria que eu fosse “um alguém” na vida!

Imagine o que devem pensar as mulheres centopéias?

David Cronemberg faria um filme horrível sobre isso.

Savok Onaitsirk, 10.03.09.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 09/10/2010
Código do texto: T2546709
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