Hipocrisia à milionésima potência

Recebi um e-mail debochado de uma amiga. A matéria havia sido publicada num jornal de grande circulação de São Paulo. O assunto envolvia a candidata Dilma Rousseff. O artigo era mais ou menos assim:

"Que papo é esse? Esta mulher nunca "cuidou" da própria casa. Quer "cuidar" de um país?

Que negócio é esse de "herança", de "cuidar do povo"? Que negócio é este de

"mulher" que "vai cuidar"? Dilma Rousseff (PT) não tem nenhum mérito para se

arvorar em ser a mãe dos brasileiros e babá do povo.

Seus dois casamentos foram um fracasso, tanto é que terminaram. Nunca cuidou de

uma casa, de um lar, de " um cantinho um violão, este amor, uma canção"

Onde uma foto de véu e grinalda? Onde uma foto de batizado? Onde uma foto de

namoro? Onde uma foto de festinha de criança? Onde um único gesto de

"maternidade" ou de "matrimônio"?

Onde o marido? Onde o amante? Onde o macho?"

Resolvi responder ao jornal:

Tive a grata satisfação de ler a matéria publicada pela conceituada empresa de comunicação paulistana datada de 16 de julho último referente à candidata às próximas eleições presidenciais. Dilma ERA a minha candidata, mas o jornalista responsável pela matéria me colocou a cismar.

Realmente uma mulher – que se afirma como tal – não pode mesmo aparecer na mídia sem antes apresentar-se como uma verdadeira mulher de história construída com base na existência de um HOMEM. Um namorado, um marido, aquela foto sorridente e de olhar lânguido de véu e grinalda – de preferência aquele véu que se arrasta pelo chão. Onde já se viu uma mulher ter a petulância de querer cuidar do Brasil em antes se mostrar como uma zelosa cuidadora da família, a célula-mater da sociedade? Realmente, aonde a foto da festinha de criança, os brigadeiros e docinhos, os balões, a língua-de-sogra??? E o MACHO? Aonde o macho? Aquele que lhe daria suporte afetivo, financeiro, emocional, psicológico? Aonde? Sem o macho é impossível uma mulher encontrar o seu ponto de equilíbrio, a alegria de viver, fazer descobertas, fazer a sua profissão, valorizar a sabedoria da arte e da poesia! Por mais que tente, é IMPOSSÍVEL!

Eu agradeço: vocês me puseram a refletir profundamente sobre a questão presidencial e feminina! No passado as feministas fizeram muito estrago! Credo! Eu nem quero me lembrar!!!

O pior de tudo é que eu fiquei a imaginar o jornalista responsável por essa matéria! Desde o dia 16 de julho ele não me sai mais da mente. Parece que ele tomou conta dos meus sentimentos diuturnamente! Eu não sei o nome dele, não sei nada. Mas teria um enorme prazer em conhecê-lo. Na minha mente ele deve sem um misto dos grandes homens que passaram pela minha vida – APENAS EM PENSAMENTO. Um homem com a altura de Gianecchini, o olhar de Bruno Gagliasso, a voz de Marcelo Anthony e o rosto de Tiago Lacerda.

O meu nome é Ketlen von Bauer. Apesar de origem alemã, tenho a pele morena e, por isso, sou chamada de MORENA ROSA. Os meus olhos, no entanto, são de uma tonalidade azul celeste! Moro na praia. No coração da ilha

de Santa Catarina, mas gosto muito de freqüentar as praias de Itapema. Por isso, sou conhecida como a Garota de Itapema. Tenho uma estatura pouco menor que a Gisele – apenas 3,5 cm a menos e 2 quilinhos a mais estrategicamente distribuídos na minha geografia corpórea. A marquinha do meu biquíni provoca frisson naqueles jovens freqüentadores do Atlântico sul ávidos por uma mulher de verdade. Mas eu não me rendo! Radicalmente eu NÃO ME RENDO! Só que agora, depois de ler essa matéria, a minha vida mudou! Quero conhecer o jornalista que mexe com os meus sonhos, não abandona os meus pensamentos... Case-se comigo, meu amor. Estou aqui, à sua espera, que demore o tempo que for. Estarei aqui tal como Penélope à espera do seu Ulisses.

E COM SERRA NA CABEÇA!

Vera Moratta
Enviado por Vera Moratta em 12/10/2010
Código do texto: T2552110