o Mal de Witzesucht.

Finalmente, após a tempestade veio a bonança.

Como bem disse o pastor Marcio Frias, naquela tórrida noite de matrimônio, “em certas ocasiões nossa capacidade de raciocínio é afetada em até setenta por cento”. Pense nisso antes de se embrenhar sobremaneira em situações sem volta. A sexta feira, a manhã de sábado, confusão mental, a viagem, a busca, a perda, o enlace, o rito, a festa, constrangimentos, comida, whisky, náusea..., sexo, uma mescla, um torpor, um sentimento estranho, a ânsia desesperada de alguns por fazer gracejos, por dizer coisas espirituosas, os segundos e terceiros termos, as mil intenções, não de lesar, mas de avacalhar, esculhambar o próximo, reduzi-lo a mero objeto do cotidiano, ao seu dispor, a mesquinharia e leviandade de alguns para com os sentimentos dos próximos, o horror de saber que vivemos no mesmo mundo em que alguns cometeram (e cometem) atrocidades contra terceiros, por mero experimentalismos, para a satisfação de algo interno que não conseguimos compreender ao certo. Uma máquina com defeito de fabricação, talvez, com um dispositivo afetado, avariado, quem sabe.

Meu silencio denotava toda a insatisfação que sentia para com tudo e todos. Havia dentro meu ser uma incongruência para com aquelas almas festeiras, falsamente lisonjeiras, mastigadoras de carnes e demais putrefarias, algo que profundamente me repugnava. Não queria estar ali, de fato, mas devia estar, era um dos convidados de honra.

Sei que não é possível voltar no passado e dar “um limpa” em tudo de errado praticado até agora, mas pense, pense solenemente mesmo que teus nervos inocentes tremulem face à tamanha atitude inconseqüente.

Não adianta lutar contra a razão da natureza, a ordem das coisas da vida, pois somos por iguais coisas da vida, e o respeito para com nossa consciência é nosso maior dever.

Muitos se divertiram intensamente. Vi gracejos diversos, sem graça, trocadilhos tolos, histórias despropositadas, etc., e me enfastiei a um ponto nauseante. Por fim percebi que não todos, mas a maioria dos que se encontravam ali, sofriam do mesmo mal: witzesucht.

Desta forma estava no lugar errado, na hora errada e acompanhado das pessoas erradas. A (des) ordem das coisas me impulsionara por trajetos tortuosos, e fiz vista grossa para as placas que informavam o caminho certo.

Após o acidente, encontro-me em recuperação.

Savok Onaitsirk, 10.06.06.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 13/10/2010
Código do texto: T2553799
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.