A Culpa é dos Outros.

A tendência é culpar tudo.

A bola, que não segue o chute.

Os erros dos outros, em detrimento de falhas suas.

O juiz que roubou.

Os políticos corruptos.

O shampoo “cabelos secos”, sendo que o correto seria “cabelos oleosos”, motivo de sua calvície.

A professora que não te dá notas altas.

O patrão que não te dá aumento.

Os donos dos sindicatos pelo aumento da tarifa.

O erotismo, por nossa lascívia.

O problema, por nosso vício.

O cansaço, por nossa desídia.

O fulano, pelo comentário da vida do beltrano.

A doença, por nossa vulnerabilidade.

A fraqueza, por nosso descaso.

O trabalho, por nosso descanso.

A inveja, por nossa incapacidade.

Culpa-se o rancor, justifica-se a omissão, a fraqueza. Justifica-se até a culpa, que não tem culpa de ser culpa. O crime, por falta de culpa.

Culpa-se tudo!

Culpa-se pai, avô, tio, padrinho, governo, sistema, padaria, o próximo, o mundo... Culpa-se até o Divino Espírito Santo por a vida ser assim.

Culpa-se e desculpa-se, todo dia, a toda hora, milhares de seres humanos se justificam em um canto, sozinhos, ou confessando, aos prantos, a culpa que porventura não tem desculpa. Esta sim é uma marca pesada na vida humana. Aquela que não deixa a consciência do indivíduo, o impedindo de sequer levar uma vida reta, muitos dos quais ainda acabam por se perder no mundo dos “paraísos artificiais”.

A culpa para ser boa tem de ser breve, suave e passageira, a qual sabe-se no fundo que não tem nada a ver. Com esta se sobrevive.

Porém e por fim é bom, antes de qualquer coisa, “dar três voltar ao redor de sua casa”.

Savok Onaitsirk, 23.06.10.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 14/10/2010
Código do texto: T2556031
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