A Música

Olhando para o Planeta Terra dá para observar que tudo é arte. A arte tem lá sua harmonia mesmo que não seja percebida pelos leigos. Quando se pega um ramo vemos a formosura, quando este ramo cresce vemos a força da vida. Ao vermos a força da vida no longo processo vemos a harmonia. E o que é harmonia, afinal, já que o assunto é música?

Quando observamos nosso corpo e vemos cada detalhe de músculos, nervos, ossos, órgãos e todo o sistema nervoso, vemos a harmonia, porque quando não estamos em concórdia estamos mórbidos. Quando a enfermidade toma conta de nosso sistema, acaba-se a simetria, a morte vem, acaba-se a música.

No meio do Shopping Metrô Tatuapé há um grande espaço. Ali uma cantora de MPB estava fazendo o seu show. A voz dela estava me irritando, mas muitas pessoas estavam gostando e cantando junto com ela. Ela me lembrou um pernilongo que fica cantando à noite, zumbindo no ouvido e que não me deixa dormir tal era a irritação.

No filme Sherlock Holmes, ele, Holmes, fica boa parte do tempo dentro de seu quarto, trancado. Seu amigo Watson abre a porta dizendo que ele tem que sair. Holmes, tocando um instrumento, diz para Watson que tinha conseguido juntar todas as moscas dentro de um recipiente e que elas voavam em simetria, por causa da harmonia dos sons. Watson fica nervoso e tira o instrumento de Holmes e as moscas se espalham, acabando-se com a harmonia que havia demorado seis horas para ser conseguida.

Há tantos estilos de músicas, tantos cantores e nós não gostamos de todos os estilos. Sempre há alguma coisa que desgostamos. Mas a música acalma os ânimos quando bem tocada. Os leigos não sabem o que é uma música bem tocada. Mas não precisamos ser formados para saber quando uma canção é boa. Onde estão nossos ouvidos? Onde está a nossa sensibilidade? Perdida nos batuques e chiadeiras contemporâneos? A “arte de formar e dispor os acordes musicais” foi dado àquele que têm ouvidos e que é sensível.

“Vila Lobos Uma Vida de Paixão” revela um músico apaixonado; um músico preocupado com a “sucessão de sons agradáveis ao ouvido. Sua companheira o chamava de louco por fazer acordes impossíveis de se tocar sozinho no piano. Um pássaro foi inspiração para uma sinfonia. Sensibilidade à flor da pele, imitando a natureza e formando novos acordes.

“A disposição bem coordenada das partes de um todo” revela a harmonia, revela a sofisticação da arte, encontrada somente para os minuciosos. Como se agrada uma mulher sem música? Como se agrada uma alma sem música? Até a nossa pisque canta quando o pranto é sofrido; até a nossa alma canta quando a alegria é demais: os olhos ficam vivos e isto é revelado em nossa fisionomia.

A poesia não passa de canção escrita. A música cantada não passa de poesia harmônica. O que sei é que de todos os seres da terra que não perturba ninguém com o seu canto agradável é o rouxinol.

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 15/10/2010
Reeditado em 02/03/2013
Código do texto: T2559110
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