Israel e Palestina

Maria Antônia Canavezi Scarpa

Recentemente visitei Israel e Palestina, países que vivem em conflito eminente para resolverem os seus pontos de discórdia, que são a posição do Estado de Israel e o destino de refugiados palestinos e de assentamentos judeus, cujas reivindicações tem sido um impasse para que a paz seja restaurada. Não é possível opinar qual dos dois está com a razão, talvez porque cada um luta por reclamações justas e legítimas. Fui para conhecer um pouco sobre a origem de Jesus e percorri em uma semana os lugares sagrados (não somente para os católicos residentes, a minoria); fui para conviver e vivenciar a relação de outras religiões, os muçulmanos e judeus ortodoxos que são a grande maioria neste solo sagrado.

Jerusalém faz parte da chamada Terra Santa e está localizada nas Montanhas da Judéia entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Morto, embora pequena, tem sua beleza visível nas casas e edifícios revestidos de pedras claras, uma mistura entre o moderno e o antigo. A cidade recebe a chuva como uma dádiva rara, pois nela encontra-se o deserto de Neguev, onde vivem ainda beduínos. Esta aridez do deserto não impede em suas veredas a beleza de uma vegetação exuberante.

Seus pontos turísticos são marcantes, dividem-se entre as religiões predominantes e todos os acessos aos locais sagrados são abertos à todas religiões : Muro das Lamentações, Basílica do Santo Sepulcro, Cúpula da Rocha (Monte do Templo - Mesquita de Al-Aqsa), Cenáculo no Monte Sião) Basílica da Agonia no Jardim de Getsêmane (A Igreja de Todas as Nações) e Museu do Holocausto Yad Vashem, com vasto material histórico, onde é emocionante ver o Pavilhão da Criança com milhares de luzes pequeninas brilhando espalhadas na escuridão de uma grande cúpula, representado cada uma das crianças judias mortas.

Nas suas terras correm as águas de um rio sagrado para os cristãos, o Rio Jordão, onde Jesus foi batizado e fonte de água para o povo de Israel. Ele deságua no Mar Morto, unindo-se a ele por um vínculo bíblico e histórico. Seu nome é devido à grande quantidade de sal que possui o que torna impossível qualquer forma de vida.

Na Basílica da Agonia foi emocionante percorrer o jardim do Getsêmane, olhar as lindas e velhas oliveiras sempre verdes e encontrar a rocha onde Jesus teria orado antes da crucifixão. Nestes lugares sente-se grande paz, a imaginação caminha pelos cenários plenos de arte do tempo de Jesus.

Os lugares sagrados destes dogmas são muito próximos, quase se entrelaçam pela própria geografia. Para os católicos, visitar o Santo Sepulcro em Jerusalém onde Jesus foi crucificado e sepultado, percorrer a Via Crucis plenamente tomada pelo comércio árabe ou residências judaicas é tocante, tanto quanto gratificante é ir a Belém (Palestina) localizada na parte central da Cisjordânia rezar na Igreja da Natividade, distante apenas 5 km de Jerusalém. Construída pelo imperador bizantino Justiniano, é a igreja mais antiga da humanidade. Belém é tida como a cidade onde nasceram Jesus e o rei David, sendo o centro da peregrinação cristã. Encontra-se também nesta cidade a Tumba de Raquel, sítio sagrado para os judeus.

Da parte alta de Jerusalém podemos avistar a Esplanada das Mesquitas e ver o Domo da Rocha, uma cúpula dourada maravilhosa que brilha intensamente, reduto santo para as celebrações muçulmanas, pois ali Maomé se encontrou com Alá (Monte Moriá ou Monte do Templo) onde Abrahão ofereceu seu filho Isaac em sacrifício.

Fiquei emocionada quando subi no Monte das Oliveiras (todas centenárias) e direcionei os meus olhos para frente, como se eu, estendendo as mãos, pudesse tocar na imponência do Muro das Lamentações, um local de peregrinação para o religioso judeu. Depois fui até ele e deixei no meio das suas pedras um pedido especial.

No Cenáculo no Monte Sion, na parte superior, está a sala da Última Ceia e sob ela há edificações antigas, do tempo do romanos, bizantinos e cruzados, como a Tumba do rei David, onde fiz orações com muita fé, enquanto observava os muçulmanos, orando frente ao nicho de orações - O Mihrab. Todos nós em perfeita harmonia.

O limiar é distinto para cada uma das ideologias ali existentes: judaísmo, cristianismo e islamismo, razão pela qual todos os conflitos Sionistas que assolam esta região, quando se intensificam, venham a ser questionados por todo o mundo. Reconhecida por todas as religiões da sua santidade, cada uma tem suas histórias distintas.

Israel é um País marcado por conflitos, diferenças religiosas, políticas e culturais entre Jerusalém e Palestina; eles travam uma guerra que parece não ter fim, pela disputa de terras e poder, ultrapassando idéias teológicas, fortalecendo-se numa acirrada disputa entre o que seria fé e fanatismo, poder e egoísmo.

A luta entre árabes e judeus, o anti-semitismo, fez com que ao passearmos por seus sítios religiosos e turísticos, ficássemos sempre em alerta devido às grandes tensões existentes entre OLP (Organização para a Libertação da Palestina, chamada Al-Fatah) e Israel, claramente evidentes na Faixa de Gaza. O ódio que ali se instalou entre eles, dá-nos a impressão que não irá ceder com facilidade, razão pela qual não acredito que o impasse desta guerra entre os dois países, possa ser solucionado, e a qualquer momento veremos destruída toda a história de Jesus.

O que pude trazer desta minha viagem cristã, foi o aumento da minha fé, suvenires religiosos, esperança de assistir a paz entres estes povos e meus conhecimentos enriquecidos.

Esta crônica esta inserida no livro “4ª Coletânea do Espaço Literário Sorocult”

http://www.sorocult.com/el/livros_g.php

Tília Cheirosa
Enviado por Tília Cheirosa em 16/10/2010
Reeditado em 17/10/2010
Código do texto: T2561031
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