"BADERNA CONTRAA DEMOCRACIA" Crônica de: Flávio Cavalcante

BADERNA CONTRA A DEMOCRACIA

Crônica de:

Flávio Cavalcante

O meu cachorro amanheceu tão triste e eu fiquei mais triste do que ele. Chequei até chorar com a tristeza do fiel amigo. Meus olhos ficaram inchados e vermelhos. Nesse dia não fui trabalhar. Fiquei em casa trancafiado em meu quarto, tomando meus calmantes para não agredir o primeiro infeliz que eu encontrasse pela frente.

Peguei um papel e uma caneta e comecei a rabiscar algumas palavras para mandar pro meu pai, contando como é a baderna aqui no Brasil. Eu já havia falado pra ele, confesso que ele não acreditou em uma só palavra do que eu fale. A forma que eu arrumei de provar pro meu pai que eu estava falando a verdade e que eu não sou moleque de ta mentindo, acaba de dar tudo errado. Motivo da minha revolta está tão entranhada no seu ser.

Vim passar uns dias aqui no Brasil e não sabia que eu estava chegando num dia eleitoral. E vi muitos velhinhos, aposentados em filas quilométricas para dar um voto de confiança. Achei aquele ato de cidadania bárbaro e não me contive. Me aproximei de um deles e o parabenizei por estar ali dando um voto com tanto bom gosto.

A resposta daquele anoso, foi que chegou aos meus ouvidos como uma bomba, que ainda hoje escuto o estrondo. Não acreditei que o Brasil, divulga lá fora que é um país tropical e democrático e ainda ameaça os seus aposentados, que se não derem um voto aos responsáveis pelos grandes escândalos, por roubos aos cofres públicos, teriam eles, os aposentados, com a sua mísera migalha bloqueada pelo governo, obrigando-os a sair de suas casas, mesmo doentes, a sofrer perante sol causticante ou chuva. Já achei isso o maior absurdo; pois, pensei que a mentira era só enfatizada dentro do congresso, mas, estou vendo que se estende divulgando um diabo vestindo pele de cordeiro. Até aí tudo bem. Mas quando cheguei em casa, fiquei estupefato na frente da TV, quando vi o nível da eleição. Pensei comigo mesmo

“NOSSA QUE BADERNA”

Candidatos analfabetos postos na tela da TV, causando gargalhadas nos espectadores. Vi um que era desprovido de dois dentes e ao sorrir, tinha aquela forma como seu marketing próprio. “QUE PROMOÇÃO ESTE TIPO DE CIDADÃO TÁ QUERENDO?” Perguntei a mim mesmo. Apareceu uma gostosona, que se dizia uma dessas mulheres frutas, que ganharam a mídia só porque tem a bunda avantajada. E depois das eleições constataram que um palhaço ganhou com um milhão de votos. E pra completar a baderna no país, deixou bem claro que ele só ia poder assumir se provasse em dez dias que sabia ler e escrever. Achei isso uma brincadeira e pensei novamente “JÁ QUE POLÍTICA NESTE É CIRCO, ENTÃO VOU INSCREVER O MEU AMIGO FIEL, O MEU CACHORRO”. E não é que ele perdeu pra o tal palhaço? Mesmo assim, meu pai não acreditou.

QUE PALHAÇADA!

Flávio Cavalcante

FIM

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 18/10/2010
Código do texto: T2563442
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