Para cada um, um sabor – BVIW
 
 
Entre cores, sons e sabores eu sigo buscando viver com a percepção plena do que os meus sentidos me revelam. Desfrutar de tudo o que a vida oferece tem significados diferentes para cada indivíduo. Alguns acham que isto implica fazer mil coisas ao mesmo tempo, ir a todas as festas, conhecer todos os bares e restaurantes da cidade, viajar em todos os feriados, ou seja, viver fora de si mesmo e com sofreguidão, antes que se acabe. Assim, não é possível desfrutar, absorver, processar e digerir verdadeiramente as experiências. Assim, não se tem como saber o gosto das coisas e como elas podem despertar sensações e sentimentos variados. Há que se ter o mínimo de tempo para saborear a brisa fresca que sopra do mar, os vermelhos, amarelos e violetas do pôr do sol, os pássaros saudando o dia ao amanhecer, as fragrâncias das flores nos jardins..., milhares de presentes que a vida nos oferece a cada momento para nosso deleite. Não somente estes, também aqueles desagradáveis, amargos, que deixam um travo na boca e na alma, mas que igualmente têm uma função, um propósito que precisa ser assimilado para servir ao nosso aprendizado e desenvolvimento. De nada adianta vivermos cem anos se os desperdiçarmos com a ausência de nós mesmos, sem nos deixarmos afetar e transformar pelo que acontece em nossa interação com a vida e com as pessoas. Se tivermos esta atitude em vida provavelmente a teremos diante da morte. E aí, mesmo livres das limitações do corpo físico, não saberemos apreciar os sabores e prazeres que ela pode nos oferecer. Possivelmente para cada um, um sabor: liberdade, expansão, aventura... Quando chegar a hora espero viver plenamente essa experiência. Não tenho pressa.