MELQUIOR - CAPITULO I

Na cidade dos Pentaqueucos, nasceu Melquior. Filho de uma mestiça com africano. O pequeno nasceu em noite de lua cheia, quando se ouvia lobos uivando sob a prateada redonda que clareava o céu. Melquior era a descendência de um povo sofrível, que vivia da mata, da colheita, das águas cristalinas que cruzavam o pequeno vilarejo dos Pentaqueucos.

Cidadezinha amarela, pintada da cor da terra, da ardência do Sol.

Quando atingiu seu quinto ano, se delicia de assustar os gatos da vizinha Neura. A mulher apurrinhava o garoto com sua descrendice diziam que Melquior era filho do demo.

O garoto cresceu assim descalço, sujo, não sabia ler, vivia na barra da saia de sua mãe Cardinária, que vivia procurando restos na feiras.

_ Oh menino assanhado some daqui, bora procurar o que comer.

Numa tarde de chuva e o canto do bem-te-vi, chegou de encomenda a menina Zula.

_Como é linda!! Pensava Melquior.

Zula era moça da cidade grande, pesquisadora de vilarejos, procurava fósseis ainda não descobertos. Zula sabia ler.

O garoto não sabia o que dizer para apresentar-se, parecia um bicho do mato. Zula não andava desfilava, parecia um anjo pintado de olho azul no vilarejo... Passaram-se seis anos desde que encarou a escola, como entrou atrasado no colégio, completava vinte anos quando atingiu a sexta série. Clausto era o professor lunático de Latim de Melquior, viva dando indiretas para o garoto, pois ficava mascando palito, no meio da aula. Eis que conheceu Sêneca, autor das mais lindas teorias latinas foi apresentado em telão por Clausto. Melquior estava tão empolgado que se via recitando poesias em latim para Zula, estudava sem parar variações de verbo, concordância. Quando um aviãozinho de papel chegou à sua mesa dizendo:

“_ Mel, cada dia que passa você está mais interessante, me deixa estudar com você? Assinado Rúbia”.

Ele não poderia acreditar. Rúbia a moça acanhada do fundo da sala filha de José Matreiro e Dona Imbia, donos de um comércio do lojão do centro, olhando para ele, se interessando e querendo acompanhá-lo nos estudos. Por um instante fitou-lhe os olhos, o coração disparou, as mãos trêmulas entrelaçavam-se, o suor correu por sua face, quando uma mulher convidada por seu professor adentrou a sala apresentando-se como a Historiadora da cidade, Zula...

Melquior se esqueceu de Rúbia assustado olhou para o quadro negro e abriu a boca, olhou-a de cima embaixo, ela vestia uma saia azul mar, com uma blusinha branca de organza sob um salto de pedrinhas azuis.

“Meu Deus, o anjo está em minha sala, minha fada mais perolada veio conhecer-me!” – Pensava Mel

Zula timidamente pediu para sentar-se, mas não havia cadeiras vazias na sala, então Mel se oferece para buscar uma. Na volta olha Rúbia cabisbaixa havia se esquecido de responder o bilhete tão carinhoso.

Enquanto Zula ouvia Clausto falar de Sêneca, Mel não prestava atenção em uma só palavra, queria sentir o doce perfume da Moça que vinha numa correntezinha de ar, que embalava suas narinas. Pensou:

“Na saída vou comprar um sorvete e dar a ela”

E assim o foi, pediu um sorvete ralé na cantina da escola, direcionou-se a sala dos mestres, quando se deparou com Clausto e Zula olhando-se carinhosamente e despedindo-se dos colegas de mãos dadas. O sorvete caiu, a vida acabou, os pés encolheram-se queria morrer de desgosto.Pensou:

“Como é que ela faz isso comigo? Entrei nessa bagaceira de colégio para escrever-lhe e agora esta de namorico com esse fedorento do Clausto”.

Seus olhos avermelharam-se, abaixou-se para tentar limpar a sujeira que fez ao deixar o sorvetinho ralé cair no chão, quando lhe apareceu Rúbia sorrindo e com ar de menina virgem, colocou as mãos no ombro de Mel e disse:

__ Mel amanhã te encontro mais cedo na escola, me ensina a fazer poesias?

Atordoado disse um sim bem rápido e foi embora, não queria que Rúbia visse seus olhos com lágrimas.

No dia seguinte Mel não se levantou, as moscas ficavam rodeando sua rede imunda, as garotas encheram a cara, tomando uma bebida forte que ele comprou num boteco do fim da rua.

Ainda sonolento lembrou-se de Rúbia, ela o esperara e ele não apareceu, decidiu que não ia deixar de ir pro colégio. Pensou:

__ Vou entrar assim mesmo!!

Quando entrou na sala disse um oi tímido para Rúbia, ela não o olhou. Melquior viu a desgraça cair sobre sua vida.

__ Vou virar um empesteado atrás de “Mulé” todas vão deitar na minha rede ah! isso vão, e se não vierem não tem problemas não, mando flores pra todas, uma hora uma delas vão querer sentir o meu perfume, vou escrever num papelzinho assim: ___ Vos mercê é a Rosa que faltava no jardim aqui de casa, quero sua roseira inteirinha.

E assim Mel, o fez até que Teresinha filha do Senhor Jabolão resolveu conhecer o jardim de Mel, mas ao entrar na casa...

Os Próximos capítulos estão prontos... serão publicados em breve... Esta é a sinopse da crônica, para aguçar a curiosidade desse caipira que entra no túnel da cidade grande.

Bj Angela

ANGELBORGESNINA
Enviado por ANGELBORGESNINA em 20/10/2010
Reeditado em 25/02/2013
Código do texto: T2568905
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