Que bom ter-me enganado
Em "Sombras inexoráveis", crônica escrita não faz muito tempo, eu considerava já definida a reeleição do atual presidente da república.
Entretanto, poucos dias antes da realização do primeiro turno, surgiu mais um escândalo envolvendo o partido do presidente: A compra do "dossier", ou seja, a compra de material produzido para comprometer a candidatura do Senhor José Serra ao governo de São Paulo.
Foi, como disse o próprio presidente, "um tiro no pé". Pessoas ligadas ao PT foram presas em flagrante, com cerca de um milhão e setecentos mil reais, incluindo uma parcela em dólares. Também o material a ser comprado foi apreendido.
No episódio estavam envolvidos personagens ligadas ao presidente da república. Mais uma vez, para variar, o presidente disse que não sabia de nada. Afinal, de que ele sabe?
O fato, ocorrido às vésperas das eleições, evitou o que eu previra na crônica já citada. Como diz o velho ditado, há males que vêm para o bem.
Surpreendentemente, o candidato rival ganhou votos com os quais acredito ele próprio não contava e, com isso, chegará ao segundo turno. E tudo parece indicar que a disputa será acirrada, podendo qualquer dos dois sair vencedor.
Aquela indiferança que se percebia no eleitorado era sinal de que algo estava acontecendo. Tendo a acreditar que o brasileiro está começando a se dar conta de como é importante a sua participação na vida política do país. Pelo menos acompanhar e analisar o noticiário do dia-a-dia, para se posicionar de forma mais consciente no momento de escolher pelo voto.
Seja lá como for o resultado final, hoje já não posso mais considerar como "sombras inexoráveis" aquela terrível ameaça que pairava sobre os destinos do país. Talvez haja uma chance de escaparmos a tempo, salvando-nos de um naufrágio que parecia inevitável.
Mas é bom ser precavido. Pode ser que tenhamos que suportar mais quatro anos o peso do governo mais corrupto da história. Pode ser que os brasileiros precisem de mais esse tempo de sofrimento para pagar os seus pecados. É assim que se aprende, na falta de um processo mais eficiente. E o processo tem um nome muito abrangente e singelo: EDUCAÇÃO.