Vazio

Vazio

Este vazio incontrolável a cada partida, a cada adeus e esta dor no peito e a dúvida do amanhã. Descrever estes momentos de angustia, buscar palavras e gestos, tentar transpor para o papel sentimentos indecifráveis. Não basta apenas escrever e escrever, não basta buscar palavras, travessões, interrogações e exclamações. E esta pergunta sem resposta do que estamos fazendo aqui? E outras mais que se seguem – porquês?

Interlocutores hoje e sem esperar amanhã há a despedida final. E este coração e os olhos espantados na ultima reunião, um grupo aqui, outro ali murmúrios, lágrimas e sempre o enigma.

Adeus a tudo, ao profano, ao religioso, ao materialismo, à política e ao conhecimento. Despojar-se daquilo que se conhece e conhecer o vazio. O silêncio do término da vida, o silêncio que diz tudo, o silêncio que assusta, o silêncio que sacia e o silêncio da dúvida.

Nesta dúvida atroz voltamos ao lar, e o tempo se incumbe junto ao silêncio nos protegendo, e nos cobre com o manto da fé conduzindo-nos ao nosso amanhã.

Julio 24/10/2010

JULIO A MARTINEZ
Enviado por JULIO A MARTINEZ em 25/10/2010
Reeditado em 25/10/2010
Código do texto: T2576665