Utopia

As manhãs no interior da Bahia já não eram tão molhadas, a poeira tomava conta do vento. As folha de verde amarelavam e caiam na primavera-verão do sertão. O sol que nascia mais cedo, já vinha quente como o pingo do meio dia, todos acordavam muito cedo não por ter de levantar, mas pelo calor das 5 da manhã. O cantar da vassoura a varrer o terreiro da casa era ouvido, e o costume de acordar com esse som era bom sinal, a mãe já estava acordada. Ele acordou tão ligeiro, e lembrou-se do dia anterior, as lágrimas ainda molhavam sua face, seus olhos vermelhos, as olheiras o deixava com semblante abatido. Levantou-se, banhou-se, tomou o mesmo café matinal e foi ao seu trabalho. Por morar próximo ele sempre caminhava até lá. Seus pensamentos corriam mundo a fora como as águas no percurso de um rio, e ia de encontro ao garoto que ele tanto amava, a lembrança de sua face o fazia ri e sussurrar algo que somente ele poderia ouvir, talvez ele nem falasse só pensasse que o fazia. Tentando segurar as lágrimas ele procura um outro pensamento, mas seu sub-consciente não é dominado, e as palavras, a voz, o rosto tudo que ele mais ama naquele garoto vêm em sua mente. Ele sentia no peito uma dor, medo de perder, uma angustia já mais sentida. Sabia que não podia fazer muito, pois a distancia não o permitia lutar como queria, suas armas eram fracas, e apesar de seu amor ser muito grande ele não sabia por que sentia tamanha falta de capacidade. Estava a perder seu verdadeiro amor? Ele se via confuso, não sabia o que fazer. Continuava andado na rua, mas não via o caminho, pois ainda estava a pensar em cada momento desde a primeira vez que viu a foto de seu grande menino. Emocionado ele não consegui mais caminha e com lágrimas nos olhos ele encosta-se na parede, sua mão suavemente desliza a parede e ele vai descendo como se suas pernas não mais existissem, sentado no chão com a cabeça baixa sobre os joelhos não contem suas lágrimas. As pessoas que por ali passam, parecem nem o ver, e ele nem parece saber onde estava, ali mesmo ele adormeceu. Quando acordou conseguiu reerguer-se, minutos mais tarde, olhos dilatados, face sóbria, continuou a caminhar. Trabalhou o dia inteiro. Não deu uma palavra se quer, mas pensou muito, e desnorteado ao fim da tarde retornou a sua casa. O sol descia poente, e a lua tão dourada vinha nascente. A porta de sua casa, sua diz com um sorriso largo que tinha uma surpresa em seu quarto, sem dá muita atenção ele sorri sem nenhum animo, e segue até o quarto. Ele ver aquele corpo, deitado a dormir. No quarto tinham três malas. Sua face de consternação, vem a contentamento. Contemplando aquele garoto, deitado em sua cama, ele chora, mas agora não mais de dor. Chora de felicidade, é como se ele tivesse agora a certeza que vivia, que não mais morreria sem ter quem tanto amava ao seu lado. Ele sentou-se no chão com a cabeça sobre a cama, suas mãos acariciavam os cabelos de seu amado, aquela face tão angelical, seu desejo de fazê-lo feliz agora aumentara. Ali mesmo sentado no chão com as lagrimas inescrupulosas com a mão na face de quem tanto amava ele dormiu. E só acordou no dia seguinte muito cedo, sorriso radiante, face suave, não havia mais tensão em sua expressão. Espreguiçou-se e sentou na cama, mas não viu nenhuma mala no quarto, estranhou aquilo, saiu do quarto perguntou a sua mãe por ele, mas ela sem saber do que se tratava perguntou se o filho havia sonhado com algo. Foi então que caiu sua ficha, ele nada falou, abraço-se com a sua mãe e pôs-se a chorar, um pranto que parecia ter perdido alguém pra sempre. Voltou a sua cama, sentou-se e não mais levantou naquele dia. O sol já estava alto, a poeira do sertão cobria o mundo como uma neblina. Ele não levantara ainda, mas seus pensamentos continuam seguindo como o percurso de um Rio

Alisson Vital
Enviado por Alisson Vital em 25/10/2010
Código do texto: T2577465
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