''Desviando a personalidade...

Todos nós volta e meia, não importa o quão forte seja nossas personalizadades, nos pegamos pensando sobre o nosso correto ou não enquadramento na sociedade atual.

Explicando melhor, as vezes achamos não estarmos no patamar intelectual, social, cultural, fisico ou de qualquer outra espécie (em nosso rapido raciocinio pessimista é claro), e nos pré-julgamos diminuidos perante tais pessoas em tais situações sem qualquer razão real para isso, e sim apenas razões aparentes.

Para ilustrar melhor o que digo lembro-me de outro dia por exemplo, quando fui a uma festa chique no jockeyclub a pedido de um amigo, para ajuda-lo em seus negócios; de acordo com o local pode-se imaginar que 99,9% dos convidados entendam tudo de cavalos e corrida sem contar o alto nível cultural, diferente de mim que fui lá apenas pela boca livre e para acompanha-lo, visando apenas não comprometer suas negociaçoes com algum comentario ''desajustado'' de minha parte.

(Versão: Original

*Autor: Zizou)

Já impressionado pelo clima de glamour que cercava a festa e preocupado em não parecer um idiota na frente dos potenciais futuros chefes do meu amigo, evitei em pequenas ''rodinhas'' dessas onde velhos ricos riem tomando martines interminaveis, falar mais do que o essencial, e me limitei a breve comentarios imparciais do tipo:''é verdade'' e o fantastico e muito preciso ''concordo plenamente''; censurei meu humor,minhas idéias e criatividade e me transformei em um exemplo de pessoa invisivel, chata, sem opnião e sem personalidade que eu tanto desprezo, em nome de não parecer desinformado sobre o interessantissimo assunto equestre.

Se estava chato ficar perto de mim, mais chato ainda era não poder falar sobre nada por horas com medo de parecer ''ignorante'' perante ''finos especialistas''como dizera antes da festa meu cuidadoso amigo, me pressionando mais a manter-me mudo; mas como em toda festa chata, a unica solução pra mim foi beber, e quanto mais doses de whisky18 anos escoces eu tomava, mais vontade eu tinha de interagir, de contar piada, de dizer a todos ali que a unica coisa que sabia sobre cavalos é que eles são burros e fabricas de esterco(o que não reflete a verdade,claro) e lotá-los com as mais cretinas perguntas que toda criança faria perante autoridades do mundo equino; enfim ser eu mesmo...

Me contive, não podia fazer meu amigo passar vergonha, ele já se contorcia em sinais secretos indecifraveis na minha frente só de ver que eu fumava um cigarro perto da mãe de quase 100 anos de seu chefe.

A noite seguiu, meu silencio forçado tambem,ate que o ironico destino faz com que o carro importado do poderoso futuro chefe de meu colega o rigido japones senhor Takada não pegue na hora de ir embora, a minha carona a essa altura já se tornará indispensavel para o cobiçado futuro promissor de meu colega na empresa, e não podia deixa-lo na mão.O japones morava longe, lá na zona oeste, uma viagem muda ia acabar me fazendo dormir no volante, o carro era meu e a situação já me permitia ser mais informal com o japones, sendo assim após alguns tragos de coragem no meu velho cigarro, terminando de sufocar a sua velha mãe no banco de tras do meu kadet surrado, começo a disparar perguntas infantis sobre tudo que tenho duvidas sobre cavalos e corridas e não pude pergunta-las a noite toda, a essa altura meu amigo já se encontrava amarelo em meu retrovisor chutando meu banco de todas as formas possiveis pra mim fechar a matraca e não incomodar o ranzinza Tanaka, que por sua vez e para nosso espanto, respondia a todas minhas duvidas dotado de enorme simpatia e humor, fazendo da viagem infernal de carro, um prazeroso passeio explicativo pelo mundo fascinante dos cavalos de corrida.

Ao chegar na mansão de Tanaka nos despedimos com um abraço meio desequilibrado pela bebida, daqueles de quem acaba de conhecer uma pessoa a qual pega enorme afinidade e com certeza voce gostaria de conversar em breve.

Na volta pra casa,eu e meu amigo no carro mantivemos o silencio da festa, talvez fosse vergonha pelo nosso comportamento idiota o qual deveriamos ter deixado na infancia, afinal todos somos igualmente interessantes, só precisamos de uma chance.Lição aprendida, por enquanto.

(Versão:Original,2006

*Autor: Zizou)

Zizou
Enviado por Zizou em 07/10/2006
Reeditado em 11/10/2006
Código do texto: T258245