Martin I

Ele seca o suor da testa.

Nada mudou. A estrada continua a mesma. Sem fim.

Iluminado e aquecido pelo sol, o asfalto por onde caminha, esta em seu coração.

Faz quanto tempo que ele caminha? Nem lembra..

A sua mochila o acompanha , tão silenciosa quanto ele, tão vazia quanto ele.

Lembra às vezes de sua mãe. O cheiro da sua comida . Seu olhar pedinte.

Não lembra de seu pai. Apenas imagina como deve ser, ter um.

Seus pés já não aquentam seu peso. Desejam sossego e paz.

Ele olha tudo ao redor. Será que se arrepende , se odeia ou se ama?

Suas roupas são panos velhos , que refletem o estado desse homem .

Ele vê longe. Uma arvore.O constraste que sua sombra faz com a estrada é algo como água e óleo.

Caminha rápido para sentar- se nas pedras postas na base dessa arvore.

Passa as mãos pelos cabelos mais castanhos que negros . Seus dedos trancam em seus cabelos emaranhados.

Pega a garrafa amassada e quase vazia de água. Senta-se. Tudo ao redor lhe da sede.

Esta tudo húmido, a grama , as pedras. Ele olha para o lado, e vê um pequeno regato.

Não o tinha visto de longe, seu olhar nunca havia o enganado..

Parece que toda essa situação, esse lugar, foi tudo cuidadosamente planejado para ele.

Ele pensa . Talvez tudo foi feito para ele.

A dor. O riso. A conversa . A solidão . O conforto e o suor.

Ele realmente sabe que tudo que fez o trouxe até esse pequeno paraíso verde no meio de uma estrada deserta, coberta pelo sol.

Pergunta pra si mesmo de onde vem essa sombra.

Ele recosta-se no tronco da arvore...

Fecha os olhos...

Nicolas Nazario
Enviado por Nicolas Nazario em 29/10/2010
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