Dia de hoje...

O cara estava lá... Sentado... Domesticado pelo hábito de um domingo ensolarado.
Olhava ao redor de si... Um papelzinho nas mãos dizia que o dia tinha direção.
A língua enrolada... Falava também com as mãos... O homem dizia alto: " Nesse aqui, eu não voto, não!! E eles que perguntem o motivo dessa decisão!! Vou dizer a eles que sou muito bravo... Que não levo desaforo pra casa... Que ando com as mãos pra baixo"...

Todos olhando o nobre cidadão... Nobre,sim! Existente de fato... Sobrevivente das escolhas que fez... Sobrevivente do que não ensinaram ou predisseram sobre o que é de fato ser humano. Participante?... Sim... Pessoa...Gente... Cidadão ao nascer... Certidão... sem muitos meios... Fins?
Alguns passavam, sem guardar as palavras que ele proferia... Alguns, chegaram a bater papo... "Outras" _ Bêbado é fogo!!
Olhei, sem medir com a régua do pensamento de gado... Olhei-o, com os olhos e com os lábios...

E ele a dizer em tom alto: " Sem emprego... Ando gasto!! Sem escola pras crianças, só mentira no ensinamento... E vêm esses caras dizendo que vão mudar...
Mudar é palavra que vem em dia como esse!! Mudar era pra ser pra sempre. Não, sempre, no começo!!
Sabia que a mulher tá escostada?... Já disse pra ela: Nada de casa de família, você cuida da sua... Elas que lavem os próprios pratos..."

E com essa conversa, perdi-me ao olhar esse espelho... De gente que tem barriga... De gente que não tem dinheiro.

E o social enlace? Das oportunidades que cresceram em minhas crenças... E os sonhos de liberdade... De casa própia... De honestidade? Saí de mim, uns instante... Coloquei tudo na estante.

Uma falava na fila: _ Vim votar, bem cedinho!! Antes que a calçada vire uma nojeira de papel-'marchê'...

Refería-se, provavelmente, ao outro dia de eleição... Chovia muito e a rua toda virou lama de  tanto papel no chão...
Mas, não pode ter boca de urna... Foi o que aprendi desde criança... E os cartazes expostos a dois metros da escola?... Ah!... Esse pode. Estava no bar de outro conhecido cidadão...

O moço, do qual eu falava, com a liberação da bebida, encheu a cara e disse aquilo que devia... A moça, de shortinho, e lata de cerveja na mão, entrou com a voz em polvorosa _ Voto no fulano... Votem no fulano!!!..."
Mas, alguns resolveram falar em quem iriam votar, na fila.
Isso pode?... Acho que perderam o fio da meada do que é certo ou não...

Enfim, o cidadão saiu falando alto, com alguém que não existia de fato ao seu lado...
Ou será que ele falava para os ouvidos surdos de quem só deseja dizer que existe e pronto!! Ponto!!!



17:01

Resultados apurados... Acho que o moço vai continuar sem emprego...sem escola... sem magia... Ô!! dia bom...  rsrssr ( voltei pra escrever isso... 20:59)