OS DESEJOS BESTIAIS

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Escritores modernos gostam de usar trechos da Literatura Clássica Grega como base para retratar o amor, a confiança e o afeto. Ninguém, por exemplo, lendo a descrição da partida entre Heitor e a despedida de Andrômaca, na Ilíada de Homero, poderia deixar de ver o amor e a admiração mútua. Entretanto, leituras objetivas das relíquias literárias (de 700 a 100 a. C.), retratam o amor, o sexo e a vida na Grécia Antiga de uma forma menos poética, menos idílica e mais realista.

Os pesquisadores chegaram à conclusão de que havia um profundo medo do homem grego em relação à mulher grega, originados, sobretudo, pela escravização das mulheres ao desejo sexual; o que, para eles, significava que a razão da mulher estava subordinada à sua luxúria incontrolável, a sua astúcia, malícia e artimanhas. Por isso, diziam que a linguagem delas era um instrumento corrompido. As mulheres sequer eram consideradas cidadãs; a lei ateniense invalidava um testamento se fosse provado que o testador estava "sob a influência da loucura, da senilidade, de droga, de doença ou de uma mulher".

Levando em conta os aspectos observados, não é de admirar que o satirista Semonides (século XVI a. C.) tenha caracterizado os desejos bestiais de diferentes mulheres a um animal ou elemento natural. Veja:

A mulher porca é gorda e suja.

A mulher raposa, mal humorada e inconsistente.

A mulher cadela é uma fofoqueira e tagarela que nem uma surra consegue controlar.

A mulher da terra é uma comilona, estúpida e preguiçosa.

A mulher do mar é dada a extremos emocionais, rindo feliz num dia, enraivecida em outros.

A mulher burra é preguiçosa, gulosa e aceita qualquer tipo de companhia em sua cama.

A mulher doninha é maliciosa e louca por sexo, adoecendo os homens com quem ela dorme.

A mulher égua aristocrática é exigente, orgulhosa e cara.

A mulher macaca é astuta, desavergonhada e má.

Para Semonides a mulher "abelha" é a única que simboliza a boa mulher, trabalhando duro e produzindo. Ama seu marido, tem filhos e evita a fofoca sexual de outras mulheres. Sua sexualidade foi completamente subordinada aos afazeres domésticos, que ela cumpre como uma abelha, o que lhe permite manter o controle sobre os outros desejos e paixões.

No entanto, é bom que se diga que nem todos tinham o ponto de vista de Semonides e de filósofos como Platão, Aristóteles e Demócrito, entre outros. Cortesãs da alta sociedade grega, chamadas de betera, eram mulheres poderosas, admiradas por suas qualidades intelectuais, por seus atrativos e por suas habilidades sexuais, sendo muitas vezes amigas de homens famosos, com filósofos e artistas.

Para finalizar, o coro das mulheres na Tesmoforia pergunta aos homens: "Se realmente somos uma coisa ruim, porque vocês se casam conosco?" A resposta: "São seus atrativos sexuais que arrastam os homens, apesar de todos os problemas que causam".

Salve-se quem puder! ®Sérgio.

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Este texto foi elaborado com informações de: A History of Sexual Customs, Lewinsonhn R, Haper, Nova Iorque, 1958. Sex in Históry, Taylor Gr, Vanguard Press, Nova Iorque, 1954. Centaurus, Honório Silva MD, Sidney Glina MD, Nova Iorque, 2000.

Se você encontrar omissões e/ou erros (inclusive de português), relate-me.

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 31/10/2010
Reeditado em 13/06/2013
Código do texto: T2589447
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