VAMOS JUNTOS NESTA VIAGEM

VAMOS JUNTOS NESTA VIAGEM

Aos dez dias de outubro de 2010, exatamente as 19:45 de domingo, o avião da companhia Ibéria levantou vôo do aeroporto internacional do Galeão, Rio de Janeiro, com destino a cidade de Madri, Espanha.

Eram aproximadamente 360 passageiros dentro daquela geringonça voadora, e essa deslizava sem muita suavidade ainda nos céus do Brasil. Após uma hora e trinta minutos de vôo, a tripulação começa a movimentar-se para servir a refeição noturna. Perguntavam para os passageiros: Pollo ou patata? Não imaginava eu que a Patata, papa, me acompanharia por todo o percurso europeu. Aceitei o pollo e degustei um razoável empanado de frango, com algumas rodelas de zanahoria, Cenoura, que não é muito o meu forte dentro da culinária brasileña.

Depois do jantar e sem se fazer a assepsia bucal, já que a fila para os minúsculos banheiros crescia, vieram os filmes, aqueles que só passam em avião, mas era o que tínhamos para matar o tempo, enquanto a noite parecia não ter fim.

Graças a Deus, as intermináveis horas, as mais longas de minha vida, chegaram ao fim. Estava eu no grandioso e belo, mas complicado aeroporto de Madri.

Mas ainda tinha mais de uma hora de vôo até Lisboa. Madri estava sendo o portal de entrada para a união européia. Um aeroporto tão grande e tão belo com pouquíssimas pessoas para dar informações, pessoas que pareciam não ter dormido, mal humoradas, não esboçaram um sorriso quando solicitei uma informação. Como brasileiro, não estou acostumado a esse tipo de acolhimento. Hoje ouso dizer com toda autoridade sim, nós brasileiros, no que tange a receptividade, somos primeiríssimo mundo.

Enfim consegui encontrar o local de onde a conexão partiria para Lisboa. Depois de muito subir e descer escadas rolantes e caminhar em esteiras em movimentos cheguei ao Gate 04. E lá vou eu por mais 55 minutos ganhar os céus até pousar as 11:45 no aeroporto de Lisboa.

Comecei a saga do conhecimento do velho continente por Lisboa, uma cidade maravilhosa, um povo afável, eu me senti em casa. Conheci a cidade alta, cidade baixa, toda a parte portuária, a Praça do Rossio, a Torre de Belém e muitos outros monumentos de conhecimento público. Visitei os palácios, as igrejas, obras de estilos góticos e me deixei levar pela história da nobreza portuguesa, que de certa forma alcançou o Brasil no tempo do império. Mas porque o Brasil não ostenta esses monumentos e esses palácios fabulosos? Creio que nenhum colonizador, jamais teve o intuito de ficar no Brasil, a não ser explorar nossas riquezas e enviá-la para o país sede da colônia. Acredito ter sido isso. E lá se foi o nosso ouro.

Visitei e não poderia deixar de visitar, a Estoril, Cascais e Sintra, que são simplesmente deslumbrantes.

Em Cascais degustei um excelente bacalhau a moda da casa no “Cascais Restaurante”, regado a um delicioso vinho do Porto. E em Sintra destaco o Palácio Real com as duas enormes chaminés de sua cozinha, que pela estrutura, devia-se comer muito e bem.

No dia 13 segui eu e outros turistas em um autobus com um guia turístico, por sinal espanhola, a Raquel, de uma cultura admirável, falava espanhol, português, Frances e inglês, e seguimos rumo ao norte de Portugal. Fomos até o Santuário de Fátima, lugar de oração. Era o ultimo dia do Terço, que tem inicio em 13 de maio e termina a 13 de outubro. Chegamos exatamente no ultimo dia do ano em que o Terço é rezado, 13 de outubro. Pessoas de todos os cantos do mundo, silêncio e respeito, é bonito de se ver.

A guia nos vez passar por Algarves e Cartaxo, percorremos as terras do baixo Tejo, médio Tejo e além Tejo e por fim chegamos a última cidade na divisa de Portugal e Espanha. Marvão é uma pequena cidade no alto de uma colina, cercada por muros de pedra da época medieval, onde residem 180 pessoas; segundo a guia a menor cidade do mundo. Uma obra maravilhosa. Era por volta das 13:00 horas, almoçamos em um restaurante as margens de um rio, uma saborosa carne de cedro, o nosso porco, fazendo-se acompanhar por um excelente vinho da região, descansamos um pouco, algumas fotos e lá fomos nós.

Mais alguns minutos e estávamos no que antes se denominava aduana de fronteira. Eram em terras de Espanha que o autobus já nos conduzia.

Entrei em terra de Espanha e pude notar que as florestas nativas são praticamente inexistentes. Vez por outra me deparei com glebas de florestas plantadas com pinhos e eucaliptos, exibindo alguns arbustos nativos da região.

Entre a cidade de Marvão e Madri são 400 km e quase toda esta extensão veste-se com azinheiras, que “Na Espanha, cultivam-se nomeadamente pelos seus frutos, as bolotas, servirem como alimento aos porcos para a produção do famoso "Jamón serrano" (presunto). Além disso também servem como alimento para o homem, comem-se torradas ou em forma de farinha, e pode-se fazer licor, que é a tipica bebida extremenha espanhola, conhecida mesmo como "O beijo extremenho". Os frutos também apresentam propriedades desinfectantes e, fervidos, são popularmente utilizados no tratamento de pequenas infecções”.

E o sobreiro, sobro, sobreira ou chaparro (Quercus suber) é uma árvore da família do Carvalho e a partir da qual se extrai a cortiça. É devido a esta que o sobreiro tem sido cultivado desde tempos remotos.

A extração da cortiça na primeira produção ocorre aos 11 anos de sua plantação e não é (em termos gerais) prejudicial à árvore, uma vez que esta volta a produzir nova camada de "casca" com idêntica espessura a cada 9 - 10 anos, período após o qual é submetida a novo descortiçamento. O sobreiro também fazia parte da vegetação natural da Península Ibérica, sendo espontâneo em muitos locais das terras de Espanha, onde constituía, antes da ação do Homem, frondosas florestas em associação com outras espécies.

Cheguei a Madri por volta das 20:00 horas, fui instalado no Hotel Praga, quatro estrelas, mas era uma verdadeira praga. O odor do cigarro estava impregnado por todas as cortinas, lençóis e tapetes. Como se fuma nesse país! Solicitei a mudança de apartamento, mas logo percebi que o hotel inteiro estava contaminado com a fumaça do cigarro.

Madri é uma cidade deslumbrante, muitas construções em estilo gótico, belos jardins, lindos monumentos, e uma cadeia gastronômica interessante, que induz ao visitante sair fora do regime. Por fim eu diria, Madri é maravilhosa, mas os seus habitantes, eu os achei pouco receptivo, arredios e aparentemente truculentos. Embora à medida que se conviva com eles, percebemos que no fundo são pessoas afáveis.

Visitei a cidade de Toledo, esta sim, parece um lugar de sonhos. Algum lugar de contos de fantasias, um lugar bíblico; senti-me dentro da própria história. É como se estivesse ou vivenciasse o período medieval convivendo com os Mouros, Godos e Visigodos. Senti-me orgulhoso em adentrar os portais desta cidade histórica. Ela é realmente encantadora.

Saí de Madri no dia 15 pela manhã. Afastando-se dos arredores da Metrópole, o autobus pegou a Autovia 360, e seguindo na direção norte passamos por terras de Castilla e Leon, permitindo-me ver as belas montanhas e serras formadas por pedras escuras e pouca vegetação.

Permitiu-me deduzir que as poucas terras entre uma montanha e outra pareciam férteis, apesar do tempo de estiagem. Ao passar pela cidade de Lerna, vi que o termômetro do autobus marcava 11º C, e logo atarraquei o lenço ao pescoço, pois a garganta começava a coçar.

Em torno das 11:00 horas estava a passar na cidade de Burgos. Nesta cidade há uma bonita igreja, a Catedral de Burgos, toda em estilo gótico, é nela onde se encontra enterrado um grande herói do povo espanhol, vencedor da batalha que culminou com a expulsão dos árabes do território espanhol.

Pude ver de perto a cidade de Vitória, capital do país Basco; uma grande cidade. Passei também nos arredores de Bilbao e Latoya, chegando a San Sebastian as 14:30 horas. Esta cidade é patrimônio da humanidade e suas construções são verdadeiras obras de artes. Ela tem uma universidade muito conceituada e antiga. San sebastian é a terceira cidade mais importante do País Basco e também o lugar onde todo ano ocorre o festival do cinema. Há um rio de águas claras que corta a cidade, e há varias pontes ligando os lados entre rios.

Almocei numa Adega a comida típica desta região, regada com uma jarra de um bom vinho tinto suave. Depois de conhecer alguns recantos pitorescos, nos encaminhamos ao autobus e largamos as 16:40 rumo a Bordeux que distava a 240 km de San Sebastian.

Toda essa região já permeia as terras dos Pirineos e mal saímos da cidade, estávamos adentrando a fronteira entre a Espanha e o sul da França.

O autobus cortou boa parte das terras dos Pirineos. Há muitas plantações nessa região, embora não se veja casa de colonos, creio que moram em povoações, e deslocam-se de automóveis para os cuidados das lavouras de milhos muito cultivadas nessa região. Há ainda florestas nativas de pinhos e outras de eucaliptos para o manejo. Continuando chegamos a Bordeaux, onde pernoitamos. Ainda sai até um supermercado e conheci a adega de vinhos, uma verdadeira tentação, onde jovens franceses compravam bebidas e, pude perceber que havia ali muitos casais homossexuais, que se acariciavam sem nenhum constrangimento. Voltei ao hotel Mercure e tratei de dormi, a pesar da tosse alérgica adquirida no hotel Praga da Madri.

No dia 16 saímos bem cedinho, o autobus deslizava na estrada ainda no sul da frança. Por volta das 13:00 horas, paramos na cidade de Turs para almoçar e em seguida prossegui-se a viagem. As 15:30 estávamos no Castelo de Chambord. Uma construção faraônica, com vários salões e 440 quartos, cercado por lagos e córregos e uma área de 50 km quadrados de florestas, para as caçadas programadas dos Reis e seus asseclas. Quanto não se investiu nessa construção, para hoje ser apenas um ponto turístico. O castelo está completamente vazio, servindo apenas de referencial histórico.

Sai de Chambord e logo estava chegando à cidade de Orleans. Esta muito famosa, por ter sido libertada dos invasores ingleses por Joana Dar’c, que a época assumia o comando das tropas francesas. Ela que foi queimada em uma fogueira pela santa inquisição, e 500 anos mais tarde, a mesma igreja a reconheceu como santa e, ela foi canonizada pelo Vaticano, como “santa Joana Dar’c”.

Uma hora depois de sair de Orleans, estava adentrando nos arredores de Paris. Comecei a vislumbrar os primeiros prédios e a torre Eifél,

Um dos símbolos da cidade luz.

A Paris é deslumbrante, uma cidade viva e iluminada, não dorme nunca. Nas manhãs de sol os raios incidem sobre o ouro distribuído generosamente por todos os seus recantos. Seja nos monumentos, como nos palácios, lá está o nobre metal em abundancia.

E eu a me perguntar, quanto de ouro do Brasil foi trazido para cá? É difícil calcular e é bem provável que o rei Luis XIV, também não soubesse, embora fosse fissurado por este nobre metal e gostava de ver os seus palácios reluzindo a luz do sol. Não foi atoa que o chamaram de “Rei sol”. Ele viveu de 1638 a 1715 e reinou de 1643 a 1715. Construiu o Palácio de Versalhes e seus jardins, uma obra digna de admiração.

Paris tem muitos atrativos para um bom apreciador das artes. Suas fabulosas construções como: a Igreja de Notre-dame, a Igreja de Montmartre, o Arco do Triunfo, as belas pontes Alexandre III e a Ponte de la Concorde, ambas sobre o Rio Sena, a estação “Gare Du Nord”, Museu do louvre e centenas de outras atrações de Paris para o mundo.

Um povo que sente orgulho de ser Frances, mulheres esguias, impecavelmente vestidas, um sorriso que, quem sabe não inspirou o pintor italiano Leonardo da Vinci ao colocar aquele sorriso na Mona Lisa.

É preciso ver para crer. Os olhos de cada um, a contemplação minuciosa dos detalhes da capital francesa dará a dimensão do sentimento de quem a Paris visita.

Eu a deixei no melhor do sono, na madrugada de uma segunda feira de outubro; mas os apaixonados sempre voltam.

Paris 19/10/2010

Feitosa dos Santos