Felicidade.

Só para não deixar pairar dúvidas aos ares, se porventura eu morrer amanhã, que isso não ocorra, morrerei sendo um cara feliz e tendo vivido tudo o que um homem feliz possa ter vivido!

Não sei quais os padrões hodiernos de felicidade, nem sei se minha felicidade está na moda, na novela das oito, mas é fato que nunca deixei que a bendita escapulisse de meu ponto de vista, nem de meu modo de pensar. Mesmo que em épocas pretéritas tenha vivido um inferno, e mesmo que o viva agora ou amanhã, afirmo com veemência que minha mente sempre esteve transbordante de felicidade, a felicidade dentro de minha cabeça!

Mesmo que propague o caos e o horror, mesmo que minha boca mareje sangue coagulado, meus olhos sempre vislumbraram um horizonte de uma felicidade ululante, ao som de Jimmy Hendrix, Janis Joplin e Alucinações Burocráticas, sem me esquecer do grande Chico Buarque de Hollanda. Mesmo! Mesmo que o mundo desabe sobre minha cabeça, darei um jeito de sorrir num fim de tarde antes do porvir, antes da tijolada, ao som de pássaros esvoaçantes. Isso porque a felicidade sempre esteve incrustada em minha fronte calva, em minhas pernas pálidas e em meus olhares esgazeados, através de uns óculos velhos, lentes arranhadas, que ganhei de minha querida tia Fátima quando não tinha grana sequer para comprar um chiclete “ploc”. Mas tinha uns óculos, umas cuecas furadas e alguns livros velhos adquiridos com muito esforço no fantástico Sebo do Messias...

A felicidade, meus amigos, não é uma condição, é um estado de espírito, muito íntimo, saibam; por isso a vivo, mesmo tristemente...

Amanhã vou fazer uma “viagem insólita”, e caso não volte a escrever neste espaço nos próximos quinze dias, é porque não escreverei mais..., mas fui FELIZ..., sempre tomando um antepenúltimo porre homérico..., num lugar qualquer, ermo e distante, dentro de uma tarde vazia...

Ah!, aliás, já ia me esquecendo, deixei duas cervejas no refrigerador; duas cervejas e um refrigerante!

Savok Onaitsirk, 18.01.10.