Feridas Narcísicas.

No principio mamãe me tratava como um rei...

Eu era único e em seus braços me balancei...

Chorava e compunha traços os quais agora nem sei...

Mamãe e eu, assim me formei...

Depois veio outra idade, outro filho e de lado eu fiquei...

Meio revoltado, revoltado e meio, cabisbaixo, num canto chorei...

Fui caminhando para o convívio social, o que me fez mal, e por muitas vezes a cara quebrei...

Não era mais um rei, mas sim mais um entre bilhões, num mundo hostil e sem lei...

Tentei seu eu, impor-me como um rei, citando minha lei, alegando-me certo, gritando, esbravejando... Porém, sem ouvidos, me calei...

Hoje minhas “feridas narcísicas” se cicatrizaram...

Mamãe já não está entre nós...

Mas de uma coisa me conscientizei:

Numa terra de iguais, trouxa aquele que se acha um rei!

Savok Onaitsirk, 05.04.10.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 04/11/2010
Código do texto: T2596086
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