Feridas Narcísicas.
No principio mamãe me tratava como um rei...
Eu era único e em seus braços me balancei...
Chorava e compunha traços os quais agora nem sei...
Mamãe e eu, assim me formei...
Depois veio outra idade, outro filho e de lado eu fiquei...
Meio revoltado, revoltado e meio, cabisbaixo, num canto chorei...
Fui caminhando para o convívio social, o que me fez mal, e por muitas vezes a cara quebrei...
Não era mais um rei, mas sim mais um entre bilhões, num mundo hostil e sem lei...
Tentei seu eu, impor-me como um rei, citando minha lei, alegando-me certo, gritando, esbravejando... Porém, sem ouvidos, me calei...
Hoje minhas “feridas narcísicas” se cicatrizaram...
Mamãe já não está entre nós...
Mas de uma coisa me conscientizei:
Numa terra de iguais, trouxa aquele que se acha um rei!
Savok Onaitsirk, 05.04.10.