Felicidade.

Depois de um longo tempo sem escrever uma mísera palavra aqui estou eu novamente para poluir poucas mentes que ainda perdem seu valioso tempo lendo estas palavras sem nexo algum. Mas ao analisar as relações entre os seres humanos paro para filosofar um pouco. Escrever sobre o cotidiano é disso que eu gosto.

Muitos me perguntam qual razão em escrever apenas assuntos relacionados ao cotidiano. Pois bem, o cotidiano é a vida. Já temos muitos “pensadores” em política, religião, sexo, economia e demais assuntos denominados complexos. Não vejo uma só alma analisando os atos cotidianos de uma sociedade humana, isto sim é complexo, é interessante pensarmos sobre coisas simples, menosprezadas por nós mesmos, pois ao final elas se tornam extremamente dificultosas e complicadas.

Analisando as relações interpessoais vejo o quanto isto é interessante. Vejo as pessoas conversando em rodas de todas as classes sociais e percebo muitas diferenças. As classes mais baixas são mais sinceras e unidas, ao contrario das mais altas onde se preza a imagem e a superioridade. Os menos favorecidos financeiramente tem um papo mais alegre, mais sobre o cotidiano enquanto os mais abastados conversam friamente e sobre como ganhou mais numerários do que outros do grupo. Vejo que às vezes os pobres são mais felizes que os ricos, aludindo de maneira coesa o dito popular de que dinheiro não traz a felicidade. Realmente, acho muito mais divertidos as festas humildes à das altas rodas, aquele churrascão de fim de semana demonstra mais diversão a aquele jantar com alto glamour onde ao menos você pode rir alto de uma piada suja, onde não se pode sentar-se a qualquer maneira, nem ao menos falar palavrão.

Por que devemos trajar uma máscara e nos mostrar a sociedade de maneira falsa e hipócrita? Por que não sermos nós mesmos? Por que não mostramos nossa verdadeira face perante todos? È interessante de se ver quando uma pessoa se mostra original, do jeito que ela é de verdade, acaba sendo marginalizada socialmente. Um exemplo que considero do mais grave é a demonstração de felicidade, pois não se deve demonstrar felicidade, alegria, bem estar, deverá demonstrar frieza e menosprezo, pois somente assim é que se ganha o respeito e receptividade social.

Felizes, fora de nossa sociedade, este é um manifesto para o fim desses que tem a audácia de serem felizes em nossa frente. Adeus seus destruidores de sentimentos de agonia que nos assombra. Não demonstrai alegria em nossas faces desoladas pelo poder do lado sombrio que a mascara societária nos fez ocultar. Queremos ser tristes, frios, calculistas, não queremos sentir alegria, compaixão, afeto, interesse e união com nós mesmos. Vocês, felizes, não são bem vindos em nosso meio. Para serem bem vindos devem trajar nossas máscaras como de um pierrô com a lágrima desenhada abaixo de seus olhos e com olhar de tristeza dirijam-se a nós.

Na citação histórica já tradicional em meus textos gostaria de frisar que, infelizmente não a terei, não vejo, não me lembro e não encontrei em livros algum que houve na evolução societária um momento que o humano demonstrou felicidade, não que estas não existiram, mas imagino que foram suprimidas por uma censura épica que não deixou demonstrar ao mundo que um dia fomos felizes. Para mim até o profeta do Cristianismo, Jesus, foi censurado algumas vezes ao tentar ao menos ser feliz por um momento e a sociedade da época o recriminou.

Qual o mal em sermos felizes? Demonstrar a felicidade? Lógico que ao caminho seremos severamente discriminados ou quem sabe excluídos de nosso meio ao simples fato de ter o prazer de ser feliz. Qual o mal em abrir uma janela em um domingo ensolarado e gritar “Bom dia Mundo!”. A nossa preocupação é o título de babaca, besta, alegrão. Sim, não somos felizes para nos manter na roda social, para que não sejamos esquecidos, pois como todos sabem o humano é um ser social, depende de contato com outros humanos, nem que para isso tenhamos que mudar, nos adaptar, nos entristecer.

Sou Feliz e demonstro isso, sou discriminado e relato isto. Não vou mudar por uma sociedade desnutrida de valores realmente interessantes. Dinheiro não traz a felicidade, nem manda buscar como uns e outros pensam. Dinheiro é papel, papel aceita tudo. Dinheiro é tinta, com tinta você imprime o que quer. Dinheiro vem e vai. Felicidade não, felicidade não aceita tudo, nem imprime o que quer, mas, ela é diferente. A felicidade não vem e vai, ela apenas vem, pois quando desembarca em nossas vidas jamais partirá. Não deixe que a felicidade não chegue a sua estação por medo de morrer socialmente, uma pessoa feliz não precisa correr atrás de sociabilidade, ela vem até você.

Felicidade.

Guilherme Danna

08/10/2006

Danna
Enviado por Danna em 08/10/2006
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