Estado de Consciência

Segundo a ciência, o bom humor mantém altos os níveis de serotonina, uma substância relacionada à alegria. Então, pode-se concluir que encontra-se em altos níveis a serotonina quando se está feliz, e que manter elevado os níveis dessa substância no organismo depende de fatores externos, já que, o bom humor está relacionado a nossa disposição emocional ao lidar com os elementos e situações que se apresentam constantemente em nossas vidas.

Mas analisando a felicidade além do conhecimento científico, e sim dentro do âmbito social, mais especificamente, na sociedade contemporânea, buscando encontrar a melhor maneira de se viver bem e feliz, você já se perguntou, qual o sentido de todas as atividades do seu cotidiano? Perguntou-se por que estudar, por que trabalhar, muito além da resposta de ganhar um diploma ou de ganhar dinheiro? Talvez não se lembre, mas quando ainda era pequeno, pode ter começado a galgar tudo o que cerca sua vida, vivendo a resposta, que é a realização de sonhos ou de momentos que nos trarão felicidade e satisfação.

Quando ainda estamos no início da vida, quando ainda somos apenas crianças, nos permitimos sonhar e viver plenamente cada momento. Divertir-se com castelos de areia e ter motivos para rir e chorar até a barriga doer. Pois permitimos que tudo tenha um sentido próprio para nós, brincamos no balancê e sentimos o vento como se estivéssemos soltos no ar. Não importa que isso não tenha sentido algum para qualquer outra pessoa. Porque acreditamos nisso com convicção, acreditamos no que vemos e sentimos. Escolhemos o modo como queremos ver tudo o que está a nossa volta.

Então de repente, nos vemos jovens e quase adultos, nos vemos sérios, olhando de forma saudosista para a nossa infância, achamos que aquilo é que era felicidade, simplesmente porque éramos livres, não livres no estado físico, e sim no estado mental. E o agora só tem sentido, pela busca do futuro, já estamos condicionados. Nos formatamos e preferimos nos acomodar buscando quem nos diga o que vestir, o que comprar, com que carro andar, para que não fiquemos à margem, para que possamos nos encaixar nos padrões e sermos aceitos de acordo com o que representamos através de nossas posses de bens materiais e posicionamento social, pois nos ensinaram que esse é o caminho da felicidade e é ele que devemos seguir.

Essa sociedade que lhe diz como viver, também lhe diz que você deve ser o melhor, que apesar de vivermos no coletivo, você deve se destacar, ser individualista, satisfazer as suas vontades e os seus sonhos, mesmo que eles não sejam os seus, mas isso é só um detalhe imperceptível, não pare para pensar nisso, você não sabe disso e nem deve saber.

Assim de jovens até adultos, de adultos até maduros e quem sabe chegar em um certo ponto da vida para perceber que corremos o risco de estarmos perdidos, sem saber o que somos, o que queremos e que já nem sabemos mais porque trabalhamos, porque estudamos, mas não há volta, não há outra saída, porque temos agora outras coisas pendentes, desde a sobrevivência, até mesmo a consciência, de que sem tudo isso, não significamos nada para nós mesmos ou para alguém. E essa consciência só aparece quando paramos para pensar, então evitamos.

Mas que tal não evitarmos e quem sabe, descobrir que constituímos o total da soma de todas as nossas escolhas?

Pararmos de culpar a moda pela nossa roupa escandalosa, nossos pais por sermos ruim às pessoas, culpar os amigos por estarmos fumando, e até mesmo a ex-namorada por estarmos sofrendo. Deixemos fluir cada sentimento. Fiquemos sem graça, sintamos o desamor, estejamos consciente de nossos erros, reflitamos e se necessário percamos um dia ou uma noite pensando neles.

Ter um auto-conhecimento ajuda-nos na nossa relação com o mundo e com as pessoas. Assim também, estes relacionamentos nos permitem conhecermo-nos melhor. É algo cíclico e natural. Como que comparável ao amor. Não o que se busca para alimentar o ego, mas o que realmente podemos sentir.

Para dizer que se ama alguém, basta você saber o que é amor, e mesmo assim essa pessoa poderá dizer que não é amada por você, pois sentirá o reflexo do seu sentimento que você diz ser amor. Mas o amor é seu, é no seu ser que ele se manifesta. Do mesmo modo, para uma pessoa sentir-se amada por você, basta-a saber, o que para ela é amor, mesmo você dizendo que não a ama.

Conhecemos tão pouco os próprios sentimentos, que depender da interpretação e certeza dos sentimentos alheios em relação a nós, para deixar fluir os nossos, é condenar-se a viver sem ter nada que seja realmente só seu, até mesmo a sensação de estar feliz.

Por isso, não se preocupe somente com o que, e quem você é para os outros, pois esta uma maneira de responsabilizar a todos pelos seus erros, pelas suas escolhas, pelo seu sofrimento, pela sua felicidade e anular a oportunidade de ser você mesmo. Vá em busca de você, e descobrirá que este é um dos maiores desafios do homem, onde não há manuais, registros, dogmas ou qualquer outro ser humano lhe dizendo por onde ir. Você é o único responsável.