A velhice dos famosos

Freqüentemente vemos campanhas em prol de ex jogadores, ex cantores, ex astros das telonas e telinhas, que hoje já velhos e incapazes, estão em dificuldades financeiras, residindo em abrigos e passando privações pela falta de dinheiro.

Coitados, temos de ajudá-los, dar-lhes uma vida digna, pois no passado, nos deram muitas alegrias. Sim, é verdade, nos deram alegria, emoções fortes, nos deram lazer e diversão.

Mas foram muito bem pagos para isso. Não trabalharam de graça. Não jogaram futebol por filantropia, não atuaram nos filmes e novelas apenas pelo prazer de entreter multidões. Não gravaram músicas para doar CDs. Não fizeram shows beneficentes, embora possam ter feios alguns, mas receberam os dividendos da popularidade.

Sim, foram muito bem remunerados. Simplesmente não souberam poupar, guardar uma mesada para a velhice. Não somos culpados se estão nos abrigos. Nós pagamos regiamente por tudo que nos oportunizou. Se não guardaram, se não foram previdentes...

Claro que não abro mão da solidariedade, do provimento das necessidades fundamentais do cidadão. Mas apenas enquanto ser humano, merecedor de dignidade. Nunca pelo fato de no passado ter nos proporcionado isso e aquilo de bom. Eles foram devidamente pagos. Muito bem pagos.

Se tivessem sabido gerir seus ricos ganhos, estariam vivendo muito bem obrigado, numa aposentadoria merecida, justa e tranqüila.

Não me peçam ajuda por ter sido famoso no passado. Não contem comigo. É verdade que me fez emocionar, gritei, chorei, dei risadas, dançei, amei, namorei ouvindo e vendo suas artes maravilhosas. Tive o privilégio dessas maravilhas, pelo que agradeço pelo resto de minha vida. Mas paguei pelo valor que me foi cobrado na época, nem tive chance de pedir descontos ou negociar prazo para pagar.

Mas pelo fato de ser humano, gente, pessoa, cidadão, aí sim, meu nome é pronto. Contem comigo.

Faria Costa
Enviado por Faria Costa em 08/11/2010
Código do texto: T2603490
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