LITERATURA INFANTIL BRASILEIRA
 
        Essa abordagem objetiva a explicitação da necessidade de publicações textuais, cujos personagens infantis e infantojuvenis sejam,  também, representados em suas próprias etnias, visto a escassez dos personagens afros, indígenas e outros.
        Dentre os mais conhecidos, e populares personagens infantis, "O Saci Pererê" - personagem negro - denota o mal e a inverdade de que deficiência física é  algo cômico. Em contrapartida, a "Branca de neve", além de branca, ainda, é “Neve!”; como se não bastasse o preconceito imbuído nos "contos infantis" as princesas e fadas são sempre brancas.
         Faz-se necessário  mudanças na Literatura Infantil Brasileira, concernente ao preconceito maquiado de fantasia, na nossa Literatura. 
         A  criança, desde a mais tenra idade, necessita, aprender que a cor de sua pele não é obstáculo, mas, um bom detalhe; é a referência da raiz de um povo, que deve sentir orgulho de assim ser.
         Contos e fábulas, enfim, à literatura é um doce caminho, para derrubar as barreiras do preconceito racial, e operar mudanças comportamentais, benéficas nas crianças. 
          Conta um pai, o que ouviu da sua criança, com tristeza, disse a menina: “ – Não posso ser a princesa na peça teatral da minha escola... Às princesas são brancas...” Após, ouvir isso, o perplexo pai buscou, exaustivamente, nas livrarias, por livros com personagens afro-brasileiros. Desejou mostrar para a sua filha, a existência de personagens negros, ou afrodescendentes,  na nossa literatura infantil. A sua criança precisava ter consciência, da beleza e a importância da sua negritude.
          Houve relativo progresso, concernente à educação antipreconceituosa do nosso povo, nesses quase trinta anos, no tocante aos afros. Porém, não podemos negar que às marcas dos seus sofridos passados, persiste no âmago de muitos. Marcas repassadas em forma de histórias contadas pelos griôts, aos seus descendentes –  o que ressalta a importante tarefa desses sábios anciãos.
         Apesar desse progresso e da inclusão dos personagens literários, ora citados, nos contos e fábulas infantojuvenis há pouca  divulgação, desse importante material literário, dessa forma, fica explicitada a dificuldade de ser encontrado.
        Entre tantos autores maravilhosos, podemos encontrar a bela obra da escritora, Ana Maria Machado: “Menina bonita do laço de fita” – linda literatura infantil.
        As marcas do passado, anteriormente citadas, veem à tona, através do depoimento de uma educadora. Diz que quando lia em sala de aula, “Menina bonita do laço de fita”  percebeu o mal causado, pelo preconceito e às marcas oriundas, desse preconceito, em certa aluna. 
        Ao estimular a sua turma à leitura falou para os seus alunos: “ – Gente, eu trouxe um livro que gosto muito... Quero lê-lo para vocês: “Menina bonita do laço de fita” da autora, Ana Maria Machado! 
        Continua a educadora: - Comecei a fazer à leitura e a cada página que lia, uma aluna se contorcia, demonstrando seu desagrado diante da  escolha da estória. Em um determinado momento, já quase do meio para o fim da leitura, a aluna falou: – “Ó professora, eu não gosto desse livro"!
        Não acreditei! Logo ela, que amava todas às leituras feitas em sala de aula; que estava descobrindo o prazer de ler,  e que é representante dos afrodescendentes, vir com aquela fala... Mas, eu não me intimidei,  não fiz o que me pedia. Continuei a ler, mesmo diante das caras e bocas da menina.
Quando terminei, ela adorou. Não a estória, mas o fato de não mais ouvi-la. Falou alto: "que estória chata"!
        O comportamento da criança diante da leitura, o seu desconforto, certamente, vem da sua rejeição, a própria pele. O livro fala a respeito de uma criança negra, e por ela ser a única criança negra da sala sentiu o peso dos olhares dos colegas... A pouco, recebemos com alegria um garotinho negro.
        Quando eu explicava os porquês de como o personagem do livro ficava pretinho, automaticamente, às crianças a olhavam, e, os olhares causava-lhe  mal- estar,  não assumia  a sua negritude. Dizia ser morena clara. Não, uma afrodescendente.
        Diante de todas às conquistas, das quais, temos conhecimento nesses anos, certamente podemos aplaudir a iniciativa governamental, quando no início do ano de 2003, o então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, reconhecendo a importância das lutas antirracistas dos movimentos sociais negros; reconhecendo às injustiças e discriminações raciais, contra os negros no Brasil e dando prosseguimento à construção de um ensino democrático, que incorporasse à história e a dignidade de todos os povos, que participaram da construção do Brasil e contribuíram para a alteração da Lei nº 9.394/96 - que estabelece às diretrizes e bases da educação nacional -, sancionando a Lei Nº 10.369/03.
        A Lei nº 9.394/96 passou a vigorar acrescida de artigos que incluem as seguintes diretrizes:
• Art.26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-brasileira.
• §1º. O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o
estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinente à
História do Brasil.
• §2º. Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículoarrow-10x10.png escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileira.
• Art.79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como "Dia Nacional da Consciência Negra".
        A referida Lei propõe reflexões relevantes para a implantação de ações educacionais que busquem a superação do racismo e a valorização da população afrodescendente. Acredita-se que, uma vez alcançados os objetivos previstos nesta legislação, seus efeitos poderão repercutir em toda a sociedade, podendo transformá-la em uma sociedade mais igualitária.
        Que possamos, enfim, enfatisar, estimular a criação dos contos e fábulas, com personagens de etnias diversas vivendo papéis de reis, príncipes e princesas.

 

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Artigo: Literatura Infantil Brasileira, Escritora UBE Mat.3963, Fonte de pesquisa: Web

 

EstherRogessi
Enviado por EstherRogessi em 08/11/2010
Reeditado em 08/07/2015
Código do texto: T2603538
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