Gota forasteira

Tomou o rumo do serviço e começou a desenvolver seu dia, seus olhos estavam pesados como sempre estavam depois que começou a trabalhar, seu sorriso era sincero, mas já demonstrava um pouco de esforço para mostrar os dentes.

_ Oi, bom dia. Dizia ele

_ Bom dia o caralho... Pensava quase em voz alta, mas não falava para não piorar o que já estava achando ruim. Passou esta parte do dia quase que normalmente, seria normal não fosse um choque que tomou e despertou um pouquinho de adrenalina. Foi para casa, almoçou aquela comida gostosa e foi descansar até chegar a hora de cansar de novo, o tempo voou e o despertador começou a xingá-lo. Como ele não podia fazer nada, pois era o culpado, então desativou o apito enjoado e foi para o trabalho com cara de poucos amigos. No caminho reclamam com ele de um problema que ele não tem culpa, em vez de explicar como sempre, mandou o reclamante se virar:

_ Não é meu problema, já disse que nesta parte eu não mecho, se quiser eu te passo o telefone de uns vinte caras que gostariam de resolver seu problema...

Virou-se e foi embora aliviado e com um leve peso na consciência, peso que já estava a ignorar a muito tempo. Chegou no local para trabalhar, sentiu uma lágrima escorrer no rosto, e lembrou que não chorava a séculos, que apenas desciam estas lágrimas solitárias, típicas de um olho irritado.

_ Será que estas lágrimas solitárias querem dizer algo? Será que eu preciso chorar? Será que eu perdi meus sentimentos e estas lágrimas descem para tirar o excesso?

Seu pensamento foi fluindo, fluindo, até que quando se deu conta já estava pensando porque estava pensando nisto e, nem sabia mais em que estava pensando. Voltou ao trabalho e logo depois foi para sua casa.

Fez seu rotineiro leite com chocolate, lembrou que tinha aula no curso pré-vestibular e deitou-se na cama, ao olhar para o teto, um outra lágrima desce de seus olhos e rola até a sua orelha, uma lágrima forasteira que não sabia de onde tinha vindo, uma lágrima triste, sem rumo e sem fim, sem aparente importância, pois ele estava cansado de mais para pensar porque ela tinha escorrido, aliás, ele estava descansando para cansar no dia seguinte.

Enzo Pinho
Enviado por Enzo Pinho em 11/10/2006
Reeditado em 13/10/2006
Código do texto: T261643