SEM FALSA MODÉSTIA DÁ PRA ME SENTIR EGOÍSTA



Discutia-se política e diante da minha descrença em vislumbrar perspectivas de melhorias para o país e, consequentemente para o povo, eu me auto proclamei uma egoísta que, de princípio, não passa de uma atitude intelectual do que limita tudo a si, isto porque a esta altura a minha vontade era repetir Manuel Bandeira e mandar um... “ o povo que se dane”.


Contudo, encerrada a discussão, pus-me a refletir sobre egoísmo, se realmente eu sou ou estou no momento me sentindo como tal.  De cara deparei-me com uma frase atribuída a   Aristóteles, que diz: “ O egoísmo não é amor por nós próprios, mas uma desvairada paixão por nós próprios.” Confesso, que não me enquadrei nesse conceito. Passei então a analisar outros planos: no metafísico, o egoísmo é visto como uma doutrina que considera a existência dos outros como ilusória, ou ao menos, duvidosa; no plano da psicologia,   o egoísmo designa a tendência do individuo a defender-se, a manter-se, a desenvolver-se. Nesse sentido, é somente um aspecto do instinto de conservação e por esse prisma o termo não é pejorativo. Só pode ser classificado dessa maneira quando designa, no sentido estreito, o interesse excessivo do individuo em si próprio, indo até ao desprezo dos interesses alheios. Toma então o caráter de uma anomalia, de um fator de insociabilidade.


Vendo-me situada no plano da psicologia e levando em consideração o que afirma  Aristóteles, de que no homem bom o egoísmo não é antítese de altruísmo,  sem falsa modéstia, dá pra me sentir egoísta.

 
 
 
 
 
 
 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 18/11/2010
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