Lambuzado de amor!

Quando a vida estava silenciosa de momentos passava ela em uma música no pensamento, não sei se era noite ou dia, fui desenhando a sua geografia.

A face dela na minha face mostrou-se ao espelho que estava sem face e perdida naquela face.

O momento a fez pensar e sentir-se iluminada e refletida de cores e paixão com tremores no corpo, o rosto de excitação se descobre em outra face transfigurada no espelho que a reflete inteira naqueles corpos na banheira.

A minha boca qrudei na boca dela e rasgamos as nossas roupas. A noite já prepara a flor pro outro dia que vai nascer eu quero ver, e como uma borboleta grudar na sua flor.

Minhas mãos lambuzadas nas suas curvas entreabertas e grudando polegar com o indicador, indicando ao médio onde se achar no poço de algum labirinto onde a temperatura média flutua os ares trancados antes a sete chaves que agora se abre para os nossos desejos com a senha de um beijo.

Desenrolamos segredos, embalamos amores, dores naqueles abraços nunca dados como uma bolha de sabão ali na minha mão.

Lua muito longe pra lá dos sentidos, aponta aquela aranha que emaranha, arranha e assanha esta lua de prata a te esperar na cadeia que prende, mata e assassina a minha sina. Canta menina, canta a volta de dentro do tempo no vento que vem e trás tudo por um segundo, dois era um, perdi a conta, premio de consolação ter você em minhas mãos. Lembra que dizia: deixa de conversa fiada, venha fazer na pia, sentada na posição que se abria, no sonho que se gosta na boca que seca, e retesa lambuzando o pensamento.

Sua engrenagem escondeu o pequeno pássaro que vibrava mais que bicho grande, cálidas gotas corridas, caídas no túnel naquela campina. Meus ouvidos ainda ouvem ao longe os sussurros ou gemidos de gritos partidos de alguma loba no cio que ainda causam arrepios no desenho que fez no gozo com a alegria sadia de tantos prazeres.

Na busca de espaços e de tantos cansaços me envolvo nos seus laços em gostosos abraços. O mistério dos meus contos é ter sentido tanto encanto neste espaço aumenta o laço, um poeta não tem casa, parece um pássaro sem asas, não tem sono, o chão é o pisar do abandono, no andar perde o passo, às vezes o laço se desfaz e de tanto ser bom, já não sabe se pedra ou sabão e por onde andar. De tanto ver misérias, os ouvidos já não cumprem sua função: ouvir Desse antigo instante ficou a cor dos planetas, desfolhou os dedos, atiçou os seios, enroscou-se em seus cabelos. Depois você disse-me assim: Dei um pulo no escuro, e você não sabe o que quer, ou pensa que sabe. Desembrulhei-me e me entreguei. Virei-me do avesso dos pés a cabeça pra você. Que coisa louca é se dar de corpo e alma e sentir dentro de mim sua cabeça balançando e aprofundando nossa amizade. Sentimento nunca outro igual, poucos, loucos se amam igual para além do bem ou mal de qualquer realidade na e crua. O mundo gira e você toca sua música no âmago do meu ser, sinto sua boca me transportando pra outra constelação e agarro as estrelas com a mão.