O Medo Existencial.

Todo ser humano se acha especial. Todos anseiam por amparo, acolhimento, compreensão. Mas se esquecem que são iguais uns aos outros, com pequenas parcelas de individualidade, o que faz a diferença.

Ser humano é ser bom, ao contrário do que propôs um tal Nícolo Maquiaveli, que dizia que o ser humano é mal por natureza, necessitando de ser forçado a praticar o bem, posto isso a criação de normas legais, coercitivas, desde o surgimento dos primeiros agrupamentos de indivíduos.

Mesmo diante grandiosa tese, defendida por um dos gênios da filosofia política, acredito na bondade humana, inata, que advém principalmente pela compaixão.

Todo ser humano, visto de perto, causa pena. Sob suas vestimentas escondem fragilidade e temor com relação ao porvir. O medo da dor é o maior dos medos! Mesmo que a dor não venha, com a morte, subentenda-se, teme-se apenas por pensá-la.

Não querem morrer e se esgoelam, se esperneiam, quando a proximidade. É natural. Tudo isso muito natural. Mas a dor não. Quando há dor algo ocorreu de forma destoante, algum “maquinismo” interno está em mal funcionamento.

A morte natural é uma tese, se é que se morre de velhice; se é que a própria velhice não seja uma “doença” da própria vida, inevitável, à qual carregamos em nossos genes desde o alvorecer de nossos dias.

Duas obras em especial, de literatura, escancaram a situação de a morte ser extinta. Uma delas já é um clássico da literatura, “As Intermitências da Morte”, de José Saramago; e outra corre nos meandros no obscurantismo, porém de maior intensidade que a primeira, a meu ver: A Desintegração da Morte”, de Orígenes Lessa, que tece severas considerações sobre a circunstância de não haver mais morte entre os homens. São caso curiosos porém dignos de reflexão. Fica a dica.

Outro dia li que cientistas estavam criando uma fórmula para bloquear o processo de envelhecimento. Descobriram genes ligados ao processo, o que acarretaria o fato de que não mais haveriam as chamadas mortes naturais, como dito acima, a morte de velhice. Caso curioso, sendo que primeiramente deveria-se descobrir “vacinas” contra as doenças que causam a morte. Com anticorpos, mesmo que envelhecendo, o homem perduraria por mais tempo sobre a terra que tanto se apegou.

Quando se olha o ser humano de perto, retomando o raciocínio acima, o sentimento de pena é inevitável, principalmente em velhos e crianças.

Diante tudo, e finalizando, o que mais teme o homem:

O medo da morte ou o medo da dor?

Savok Onaitsirk, 04.03.10.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 20/11/2010
Código do texto: T2626250
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.